sexta-feira, 12 de abril de 2013

Reduzir a maioridade penal? Ah, sim, para 16 anos. Depois para 14. Depois para 12, ou 10, ou 8, talvez? Sim, porque quando aparecer na mídia o primeiro crime grave cometido por uma criança (o que não será difícil, dado o mundo que se preocupa cada vez menos com a integridade humana), as redes "sociais" vão explodir em manifestos indignados cheios de retórica a favor de uma "menoridade" penal cada vez mais infantil. Isso não é uma espécie de apologia ao crime, ou ao criminoso, ou qualquer coisa assim. Assassinato é sério, é revoltante, causa indignação, causa desespero, não tem volta. Mas essa campanha me soa reacionária, estagnada e me assusta. Porque, se o crime existe, vai ser solução pra alguma coisa enfiar todos os criminosos nas mesmas cadeias (coisa que já se faz há séculos), quem sabe armar a população inteira, não avaliar absolutamente nada, não rever nenhum modo de funcionamento do sistema social, como se isso significasse algum tipo de mudança e como se alterasse alguma coisa na dinâmica da criminalidade? "Desconfio" que o crime não é estimulado pela idade em que se baseia a maioridade penal... Me parece que as razões são "um pouco" mais sérias, mais profundas, mais antigas e bem mais difíceis de serem resolvidas, não? Por que não se fala em discutir sobre violência, de fato? Em trabalhar a favor da construção de uma sociedade em modificação, de fato? O que acontece? Reforçamos o discurso malufista (que, aliás, segue aparecendo na televisão) a favor da rota na rua e outras aberrações? Logo mais voltam os manifestos histéricos a favor da pena de morte. E no mundo de justiça absolutamente questionável que habitamos e mantemos, sabemos bem para quem as penas mais severas se aplicarão, e com quais critérios. Eu só penso que vivemos em um planeta em guerra, que reforça a guerra, que estimula a guerra, em todos os níveis. Que sério, isso.
   

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