quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

mesmo que rápido . mesmo que trampo . mesmo que tanto tempo depois . mesmo que tão pouco tempo agora . é mesmo sempre . vocês são resgate . amor .
 

sábado, 19 de novembro de 2016

a rota bala morte extermínio e se não fossem essxs seriam outrxs e de novo nenhum policial ferido e de novo a pena de morte por conta própria e de novo na periferia e de novo a polícia assassina e de novo.
 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Os corpos dos meninos na desova. Trump e todos os ódios nos EUA. ForaTemer no Brasil, só que dentro. Alckimin e a polícia assassina no Estado. DóriaCaviarReaça na cidade. Crivella e o Rio de Janeiro no oportunismo da dita-religião (o estado é(ra) laico). Os corpos dos meninos na desova.
 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Parecia com janelas fechando. Ventan(i)as batendo, ar denso e massivo, visão nublada. Voz muda e balbucio. Ininteligível, sombria. Em-n-volta e dentro, ar espiral. Uma voz sussurra para a outra; uma leva, a outra traz. Uma voz diz, a outra pensa. Uma voz pensa, a outra está. De voz em voz, de grito em sussurro. Volumes. Janelas entreabertas, vozes nas janelas.
 

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Já era quase dia seguinte quando consegui finalmente ouvir ao vivo a finalização de uma segunda-feira tão exaustiva quanto histórica pra essa mulher. Tantas horas depois e ela ali inteira, digna, consciente, clara, segura. A força de argumentação lúcida depois de mais um degrau pro golpe escancarado, além das ruas com bomba e fumaça graças aos "coronéis-paulistas-militares", os pretensos donos do mundo, covardes alckimistas do gás de pimenta. De Dilma, uma gestão imperfeita sim (e alianças espúrias, sem dúvida), mas sem crime como é sabido e reforçado e mal-disfarçado; ela lançada diante de uma aberração de proporções tão grandes quanto este julgamento injustificável. A rasteira golpista em fase de concretização final, a descida ladeira à direita, mas fica sua figura de resistência e coragem profundas diante desse processo mentiroso e fascista.
 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Esse manco que somos todos nós sempre que falta, sempre que suspendemos para saber algo antes de ir. Essa pele que desvestimos pra voltar a caber-nos, dentro e fora da luz, por dentro ou ao redor das sombras. Também somos feitos dos espaços que ocupamos, das calçadas que pisamos, das figuras que trançam os lugares, dessas noites múltiplas como os lados de dentro e desses dias muitos como tantos nós. De repente um flash deflagra. Um black-out também. Caminha, caminha, cava. Encontrar também é continuar procurando. Deixamos. Insistimos.
   

quarta-feira, 20 de julho de 2016

yo escribo en mal español,
con un tartamudeio en su idioma,
mientras espero su retorno,
y recuerdo su voz,
mi cantante por el mundo,
te mando besos del otro lado del mar,
que van corriendo a su encuentro,
para decirte que yo te quiero,
te extraño,
y me haces falta, mi amor, mon amour...
 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

O homem de bengala. O cão sustentando no ar uma pata traseira. Compartilhavam esse passo-tropeço, esse caminho sem pressa, no tempo esburacado de centímetro em centímetro. A cada pontilhado, passava um à frente. Pelos caminhos soluçados, sempre chegam. E tornam a ir.
 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Esses oitos, dois, deitam-se e ganham a dimensão sem margens. As curvas despontam encontros, deslizam juntas no ciclo circular. Colorem, os redondos. Tocam, são sentidos. Atemporais; cronologias são só partes de tudo. Desdobre-se em espirais (mil)tiplas. Dale!
 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Se é buraco ou excesso, corda-bamba ou montanha russa, essas ondas não sabem dizer. Querer contornos, contornos, deixar vazamentos, aproximar assim. Fazer do que é quente, presença, do que é cheiro, laço. Ar ao peito e remodular. Saber o caos, refazer e manter calor.
   

terça-feira, 28 de junho de 2016

Uma. Compõe, é. Outra. Assimila, desloca. Qual é eixo, qual paira? qual pende, qual prende, qual arremesso, qual paúra, qual fome, qual ânsia, qual deserto; todas desejo. Dentro e fora, as cidades escorrem, minhas partes ecoam, as vontades transbordam, as cidades explodem.
       

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma, mas são milhares, e bastaria ser uma. Mais de trinta, ou poderia ser um, bastaria ser um. Como resetar uma violência que não tem volta, uma dor que não tem medida, um corpo lesionado, todos os corpos lesionados, uma meninamulher invadida, todas as meninasmulheres invadidas, o mundo saturado dos cortes, dos rasgos, das feridas, dos sangramentos que não coagulam. O inconcebível.
     

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Reafirmado um tempo de golpismo, espanto, tensão, retrocesso, manipulação. Que venha barulho, muito barulho, até o ensurdecimento, para que se possa trilhar algum lugar menos tortuoso e anti-democrático.
       

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Tinham nas vozes discursos gagos e grunhidos, tinham no caráter fedores e mentiras; ou não tinham caráter - disfunção da qual sofria a maior parte. Eram figuras saídas de dentro de móveis abandonados, por baixo de tapetes empoeirados, numa sucessão de deformidades mal-elaboradas, como num cenário macabro de baixa qualidade.
Apesar de óbvios, tamanha existência em massa chegava a surpreender em alguma medida, arrancava às vezes risos nervosos diante do desmonte dos seres que cuspiam bobagens.
Eram muitos. Doentios. Embora já saídos das fraldas há muitos anos, reagiam com infantilidade bestificada diante da minoria de figuras contrárias ao seu show de horrores (porque sim, elas existem, e um salve à coragem e pertinência dos personagens que habitam a outra margem do rio).
Como suportá-los, esses fascistas de golpe em punho, racistas e homofóbicos, ignorantes e mentirosos, hipócritas e cínicos, torturadores armados de ódio construído e conveniente, inflamados e sem vergonha por suas próprias existências?
Por horas exibiram-se num show patético comandado pelo showman-risonho-bandido-gângster-canalha (outro salve aos nomes tão adequados) que se julga impune, mas acreditemos que cairá, porque tamanho terror personificado há que ser aprisionado para longe das nossas existências.
Tal exibição só caberia neste dia da semana, dia de programa dominical com dedicações imbecilizadas às suas-famílias-propriedades, aos deuses genéricos, aos golpistas, a um torturador. A um torturador.
Há os piores e há os piores que os piores. Não cabe dizer amebas, porcos, ratos. Comparam-se aos humanos, e apenas aos humanos, essa raça que tem sabido cheirar tão profundamente a esterco.
Os pobres, negros, índios, mulheres, violentados, homossexuais, guerreiros, lutadores, torturados, desaparecidos, miseráveis, excluídos, decentes, estes não cabiam naquelas bocas imundas.
Poderia ser o roteiro de um filme ruim, mas foi verdade não-estética, foi verdade e re-revelação.
   

quinta-feira, 17 de março de 2016

Alienação desmedida nesse verdeamarelismo mascarado de justiceiro, tomando os horários nobres da tv mais suja do país. Olhar pra isso como a maior estratégia de manipulação dos últimos tempos não significa defender um partido, e sim ouvir sons por trás dos berros: nos caminhos glob(golp)istas que estão dados, a ilegalidade impera, já que são alguns dos maiores representantes da podridão política brasileira que comandam os rumos dessa descida torpe esgoto abaixo.
‪#‎naovaitergolpe‬
          

sábado, 12 de março de 2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

Tem até dancinha pro impeachment golpista, com tutorial, apoiada em discursos de ódio e suposta justiça (sombria). Patetismo e piadas à parte, o nível de surdez, intolerância e alienação a que se chegou não tem argumento que desfaça. Só me faz lembrar a fala do Durvivier: é querer limpar o chão com bosta.
   

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

quanto mais pesava, mais afundava e era mais claro e barulhento ali embaixo, era um passeio pseudo-passivo que movimentava algo de dentro muito e algo pouco de fora; empurrar a luz dessa água-eu-submersa, vontade si-mesma, espreguiçar os sons, espreguiçar os gritos - nem todos meus -, escorrer, vazar íngreme.
           

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

quando nem um certo ceticismo me impede de reconhecer os anjos terrenos, dos que são mais encantados assim, com suas vozes e braços e pernas, do que se tivessem mil asas cada um. Por todas as presenças, as físicas, as intuídas, as enviadas, as próximas-distantes. Pelas mãos dadas, pelas compreensões das ausências e silêncios pedidos. Pelas urgências e olhares, pelo tempo contínuo, pelos acolhimentos nas escolhas emergentes. Pelos até então desconhecidos que foram peritos também. Por alguma espécie de desvelamento (em curso ainda, sempre e para sempre) do medo que mora nas casas mais escondidas, apertadas ao extremo, de mapas borrados e portas e janelas às vezes muito cobertas, que revelam suas frestas aos poucos ou repentinamente; de quando se toca uma espécie monstruosa e é preciso achar a estrada por onde ela se afasta e toma outro rumo.
Porque há necessidade de tempo.
De paciência.
Do tempo.
Dos seus nomes, dessas-desses-essenciais, estas-estes sabem-se. É aqui por palavras porque há tudo que nunca será dito o suficiente, mas precisa ser lançado para que seja ao menos um tanto a mais. Com amor sempre. É um pouco mais do que agradecimento. É a própria constatação da possibilidade e pulso da existência.
 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Um objeto de cada vez, pegava da mão de alguém, colocava no bolso, muitos. O sorriso intermitente durante isso que durou muito tempo. Talvez mais de 60 anos, talvez muitos a menos com a diferença envelhecida na rua. Só calça. Não tinha camisa, não tinha sapato. Pra quem via com olhar óbvio, não existiam objetos também, nem quem os entregasse. Pra ele que via mais, existia tanto que se despediu agradecendo com tapinha nas costas de ar. Alguma imaginação quase infantil, que seria bela se não fosse delírio. Ou era bela, embora delírio. Ou seria delírio, se não fosse verdade.
 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

que talvez não saiba agir sem ser reação, que no encontro do corpo com o mesmo corpo de si, revela-se/me o corpo de dentro com a mesma transparência velada de poesia escrita, tão múltipla nas leituras quanto óbvia na sensação sem nome. Que o pensamento vire suor, porque é quando escorre que vai ser matéria expandida no espaço.