segunda-feira, 29 de junho de 2015

malabarismos de ar no farol, os olhos de uns sete anos, viu o que eu fiz? vi, você tá imaginando? não, elas são invisíveis, olha (num instante-palavra-gesto ela soube me contar que o que é invisível existe), e repete, gesto ágil olho atento, sim, to vendo, !!!você viu, tia?!! e começava e parava porque essa concretude quem sabia era ela, e sorria muito, como se não fosse na rua, me olhava, porque era na rua, sorria talvez; ela entendia tão bem seu estar visível-absurdo-invisível, tia, você tem água?, e abriu o farol, e a avenida em mim em seguida desabou.
 

terça-feira, 23 de junho de 2015

quarta-feira, 17 de junho de 2015

luz na camada mais subterrânea, tão óbvia, tão constituinte da nossa matériapaíspessoasrelações, e tão moravanumlugarquepareciaentendidamasnemsempreé. Gente é complexidade, e foi n'algum lugar fundo, e verter água também é um modo de existir. Em meio a equívocos de todos os lados a questão é quem, afinal, delimitou os contornos da verdade. Que somos filhos de uma história, é tão inegável quanto estabelecido quanto imperceptível (pra quem?) quando sempre foi assim. Trata-se então de discutir mobilidade. De pensamento, em primeiro lugar.
 

terça-feira, 9 de junho de 2015

E aí que no mesmo dia correm as notícias de que o Zé Celso está sendo processado e pode ser preso por fazer uma crítica ao autoritarismo, e a travesti na cruz é massacrada por uma suposta blasfêmia que ninguém enxerga nas chacinas da vida real. E o pensamento crítico jogado no ralo porque ir a fundo nas discussões sobre opressão, massacre, preconceito, dominação e genocídio dá trabalho demais pro senso comum acostumado às grandes verdades congeladas e tão distantes da vida além da televisão. É que pensar sobre as verdades outras, plurais, por meio de metáforas ou não-metáforas, é território proibido pros pensamentos que querem permanecer imóveis e centrados nos seus umbigos normatizados.
Queria eu que Jesus, o homem, estivesse vivo e presente pra explicar pra sociedade contemporânea um pouco que fosse sobre o conceito de humanidade. Estamos em 2015. Mas isso repetidamente não tem feito a menor diferença.
   

segunda-feira, 8 de junho de 2015

No dia em que fui maior que eu, eu não coube. Fui ocupar o espaço. Os respiros eram todos acelerados, projetados nos cansaços que compartilhamos. Eu era transparente inteira, revelada em parte, espontânea toda, disparada ainda, enlaçada desde dentro. Nesse dia em que cada hora durou um minuto, eu torcia por um tempo looping que girasse lento ou rápido, mas na espiral daqui, onde estivemos sempre. Ouvia, desperta de sono e euforia, teus sons de sonho, teus sons de abraço, nossos sons de laço. No dia em que fui maior que eu, fomos juntos, e coube a nós cabermos, e ainda, em nós.
 

domingo, 7 de junho de 2015

O tempo é suspenso nessa cronologia redesorganizada como tudo. Etérea terra tingindo silêncios cheios. Eu digo palavras minhas e tuas com a intimidade profunda de quem não conhece mas adivinha, que adivinhar é como saber além. As coisas são.