quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

vôo
De onde não havia saída. De onde não há-via os vãos, as passagens. Só espaço incolor a ser preenchido num momento desconhecido - e mesmo assim, se. Era a vertigem do susto, abismo-quase-alucinação, quando o mundo silenciou em círculos esfumaçados. Alguma ânsia não reconhecida e o corpo que corria por dentro, fugitivo imóvel. Olhos vazados em compulsão; apoios falsos em torno do vento. Respirou sem ar. De onde não havia mais, escapou nunca, até dormir em pequenos tremores atônitos à espera vazia de que parasse de girar. 
    

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

 
A pele que encobre o ser, aquele que é. A pele é o ser, também. Desde a chegada. Em vias de mão dupla, transparecem dentros e foras. Toca na pele outra, aquela que continua, estende e divide. Solitária em sua intermitência. Dor e prazer. Explosão. Trilhas sobre os poros, até o fim, até ser pele-pó.
(para Cálamo, 21/02/12)
          
  

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Poesia-vida profunda viaja quilômetros pelo ar. Em instantes reverbera, por pedidos que passam pelas pontas dos pés e sapatilham marcas de histórias construídas.
   

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

   
Era aquela estrada bifurcada no fundo do mapa, invisível e múltipla. Era vela acesa, lágrima pingada, memória de tempo incerto misturado como alquimia bem feita. Palavras explodem de dentro das lâmpadas, datas desenham curvas saídas de envelopes coloridos. Cada minuto insone, lembrança mergulhada dentro e fora. Era água fácil.
     

domingo, 5 de fevereiro de 2012

De branco, para a noite de muitas cores. Eu fui com menos medo daquele escuro. Cheguei mais distante. Algo entre presente e história naquela energia me sugou de volta. Chorei tão forte quanto. Agradeci de novo, diferente e sempre. Voltei sob um céu de luz quase cheia e estrelas que só ali. As palmas ecoam ainda. Eu também.