quarta-feira, 30 de maio de 2012

pequeno caos fragmentado

“Eu escrevi este texto inspirada no espetáculo que não consegui ir assistir. Eles foram me contando, eu fui imaginando e escrevendo.” (Mazé)

E o que é coreografia? “Arte de criar movimentos.” (Henrique)

Pequeno caos fragmentado. São retalhos do que há de ser estruturado. Ossos dos esqueletos por construir. Talvez eles tenham três braços, duas cabeças, uma costela, cinco pernas. Talvez sejam apenas um cotovelo. Quem sabe a escápula criando asas por baixo dos pés.
O percurso-cidade é um tanto familiar. Assim como o portão, as cores, escadas, imagens.  Mas o ângulo é diferente. Todo espaço se reconstrói a partir das ações. São papéis, são funções, e neste lugar, dessa forma, é a primeira vez.
Tempo de reconhecimento. Artistorientar essas vontades ainda não definidas. Em princípio, estarmos, para fazer. Corpo se re-materializando , cativar daqui pra lá e de lá pra cá.
Ronda nossos encontros a subjetividade em processo de compreensão. O que é isto, afinal?
Rondam as possibilidades do corpo. Os sentidos destas possibilidades. Os sentidos das sensações e os sentidos da racionalidade. Como se encontram? Como escapar da linguagem repetição de nós mesmos? E como não temê-la, também?
Permanecem as interrogações: técnica + criação + idades + vontades + escutar + escutar + escutar + escolher por onde ir. Divertir-se é um dos tons.
Passar do movimento para o sentido. O que me lembra? O que sinto? O que parece? Como nomeio?
Isso que nós fizemos te deixou com tontura? E se você tentasse causar essa mesma sensação em quem assiste, então?
“Eu entendo o que pode ser essa idéia, mas não sei como fazer para isso.” (Suane)
O como fazer é que é o lance. A gente experimenta. E o máximo que vai acontecer é encontrar ou não encontrar imediatamente.

Ação em equipe. Territórios para colheita de ossos misturados no tempo, no espaço, vindos de pontos diferentes dessa cidade nada desértica. Jogo de misturar todo mundo num caldeirão em movimento, recolher o que é essência, e recriar num universo sensível. E a partir daí? O que queremos em torno dos grandes encontros-ações? E como aprofundar no corpo?

Tento armar as primeiras articulações. Um tanto de poesia, fios de diversão, olhares de percepção. Disponibilidade para a troca e o encontro. Ainda é uma conquista. Ainda se delineiam as silhuetas, já visivelmente diferentes entre cada contexto. As manhãs têm a energia do riso fresco. As noites tem a sintonia quase surpreendente do tempo um pouco mais maturado.

Escrevo sobre algum vir-a-ser, ao mesmo tempo que sobre o que já construímos em outros percursos. Eles também estão impressos neste como qualquer história passada está em seu presente. O que fomos-somos-seremos. É no corpo. E tudo que o envolve, por dentro, por fora, ao redor, através. 

(1o Ensaio de Pesquisa-Ação, Vocacional Dança 2012)