terça-feira, 26 de julho de 2011


  
Um senhor balança o corpo sozinho, no meio da calçada. Lenine no meu fone de ouvido. Desacelero o passo para encaixar a dança dele na música que só toca para mim. Ambos absolutamente no mesmo pulso. Pequena cena urbana de curtíssima duração.
  
   
que reação é essa que descontrola no corpo a voz vinda daquela distância; o relógio acelera a contagem regressiva - proximidades; imprimo expressões pela tela desfocada; guardo por dentro o que não tem outro registro; observo, peço, mergulho, espero; tremor ingênuo; tropeço no tempo que rompe o espaço silencioso; envolvo e fecho os olhos para dormir e poder acordar.
  

segunda-feira, 18 de julho de 2011


  
Ônibus pela cidade, e parece que tenho contato com todas as crianças do mundo. Criança observando é das imagens mais bonitas de ver. Percurso, a lua ali, do lado de cima, brilhou mais, em círculos sentidos de olhos fechados. Depois a lua inverteu de cor. Turbulências do olhar para dentro, respiração. Sonoridades, uma bagunça boa de idéias. Volto ao movimento. Surpreender-se, às vezes. Escapam palavras.
  

segunda-feira, 11 de julho de 2011

 
E se for mais perto do que parece, se forem reconstruídas as imagens apagadas pela fumaça desse tempo difuso, e se houver significado nos sonhos parecidos em lugares distintos, se for assim porque foram sonhados na mesma noite, e se eu me assustar com isso a ponto de perceber, e se me confundir em meus próprios desejos, se as palavras saírem assim sem som para rebater em paredes de concreto, se minhas peles e ares voltarem a responder pelo movimento e essa minha fome for saudável, e se dissolver de/em mim esse corpo estranho, se for por impulso, e as músicas carregarem histórias, e os cheiros me preencherem como nunca, e como sempre.
   

quinta-feira, 7 de julho de 2011

      
E aí as estradas não terminam nunca. Passagens, paisagens, imagens; São Paulo torna-se cidade de imensidão sem medida, tantas travessas curvas climas quase simultâneos, continuamente irregulares. Vento nublado que muda de cor se é (qual) dia ou noite, e onde. Os retornos de longe vêm contraditórios e minhas divisões internas escolhem, ou não, como responder, ou não. Não reconheço o caminho recusado, nessa visão ainda desencontrada das vontades. Elaboro a intenção com informalidade repentina; acho que quero descobrir poesia na dança e isso vai ter um monte de mim lá dentro. Brilho perfumado acelerando algo por(vir), mesmo que diverso. Frio e vinho se (me) atraem. Ir ou ficar, plurais, fusões.