quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Essa lua de sorriso fino pode ser o espaço que há em comum. Enquanto isso, qualquer fagulha explode.
 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

 
Noite/madrugada. Eu-clara, estrada ainda escura; encontrar som, movimento, calor e mais algumas interrogações. Vou a fundo no espelho solitário e silencioso, sou o espaço de cá. Redescubro o sentido do medo num recorte de percurso curto, alongado pelo abismo atrás e na frente que traz realidade para a relatividade do tempo. Atravesso. Chuva fina para o barro nos pés; nas batidas ao longe reconheço mais um retorno entre os cantos de nomes lindos que me aproximam. Observo como quem procura algum esboço de certeza, um só que seja, uma afirmação pequena que responda sobre. Dessa vez, o que quase escorre transparente é o não saber - além do som que retorna quando traz consigo quem fez a ponte entre um desejo e sua concretude impressionante. Do espanto, sei que observo os olhos fechados, abertos, entreabertos, as vozes e tudo o que me causa uma diversão desconfortável; brigo com minha própria desconfiança, sorrio amarelo porque discuto com o que enxergo. Os olhos podem dizer de quem está dentro deles? Talvez pudessem antes, mas nem eles são capazes agora. Vidas reais que tem alguma aparência de uma ficção estranhada. Se ver não basta mais, como escolho sentir? Minhas mãos ocupadas de doces, há pedidos, ordens, idiomas, funções e uma lagoa indefinida. Não consigo conjugar em terceira pessoa. Quem fala comigo? Confundo-me entre sensação, pensamento, sugestão, explicação, eloquências, imagens, realização, situações, nomes, conceitos, metáforas, alegorias; destaco-me do planeta e olho de fora essa brincadeira ingênua criada para que façamos disso, e de nós mesmos, algum sentido. Volto e quero entender esses mergulhos profundos. Entre compreender, duvidar e fundir, são inúmeras viagens de ida e volta em espiral. Amanheceu, e minha cabeça e corpo que não dormiram acordam junto com o dia emendado no anterior. Eu-clara, eu-interrogação.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

  
Gerar por/vir, ao longo da travessia de clima vibrante que se alterna para que seja possível. Rascunha-se em mim alguma compreensão ainda irreal. O tempo se aproxima, embora complexo como o que vem por dentro dele. Silêncio. Espaço para ver, tecer e criar. Olhos de lince e água doce. Linhas tatuadas de futuro. O que sai pelos olhos é meu lugar expandido. Pode ser que o amor seja invisível.
   

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

  
Há dois dias: "Quanto tempo vai durar essa oficina?" "Três meses." "Então, daqui a três meses eu vou conseguir sentar no chão, como vocês." Hoje, rolamento adaptado para ela de pé, na parede. Aí: "Depois você me ajuda a subir? Eu quero fazer no chão." E fez, com torção e tudo, tão antes do seu próprio prazo.
  

terça-feira, 6 de setembro de 2011

  
Subi os degraus no ritmo do piano (meio francês?) e isso tinha alguma comicidade que só eu escutava. O tempo corre mais quando não pode. Na quase última parte do caminho, o outro lado do vidro e um banner de copo amarelo espumante. Puxam assunto nessas conversas vindas do desconhecido, e tiro o fone para saber. "Se eu fosse 'da alta', proibia isso. Eles querem viciar o povo. Coisa horrível. Podia ser uma foto de um morango bem bonito, ou um refrigerante geladinho. Mas isso? O médico hoje me disse que eu tenho 52 anos mas não pareço. Claro, eu não fumo, não bebo, e o povo aí só vive na bagunça. Aí ainda tem gente que olha essas fotos e fica querendo beber isso. Chegou meu ponto, vou descer, até mais e um bom dia". Eu: nem dava tempo e nem nada o que responder; em instantes tinha me tornado parte (divertida) da bagunça. Atraso calculado e foco no novo começo. O retorno parece não ter previsão - enquanto isso, registro.
  

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

   
No dia da fotografia desbotada, era um corpo-casca prestes a rachar. Então atravessa portas para escapar de dentro de si e encontra peças que se encaixam sem regras, multiplicam-se ainda ao longe e atravessam quentes pelas artérias. Hoje é dia de força e cura; cores que ofuscam em sorrisos brilhantes pelo caminho intermitente. As águas lavam à sua medida enquanto me viro ao contrário e quero tão profundamente quanto duvidosamente inverter as doações que nada pedem em troca, exceto aquelas desejadas para sempre. Desinteressou-me esse não camuflado, ouvido espalhado. Do melhor e do pior de mim constitui minha matéria de ser, tão óbvia quanto ainda em trabalho de parto. O corpo-alma que tanto foi suporte, e meio, pede para enxergar e receber vontades. Gosto esfomeado, forte e ácido-adocicado, esfumaçado às vezes, vermelho-vinho, querendo espaço, querendo espaço, querendo espaço e cria. Ninar(nos) em disparos de vida. Isso é o tempo.