terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


QUE DANÇA É ESSA?

A dança é a essência e o mistério. Do diálogo do corpo com o espaço, surge a transformação.
 (RENÉE GUMIEL, dançarina, 1913-2006)

Primeira edição desta revista, primeira conversa sobre dança por aqui. Penso nas ideias que surgem quando falamos sobre esta forma de expressão, a dança: corpo, movimento e espaço. E a partir daí temos no nosso imaginário algumas das inúmeras modalidades que conhecemos, como dança de rua, maracatu, balé, frevo, jazz, tango, samba, forró, funk, salsa, afro, pop e uma quantidade tão grande de muitas outras que mal seria possível listar todas por aqui, considerando as manifestações que acontecem no mundo todo. Então, escolhi falar um pouco sobre a dança contemporânea. Esse termo que soa esquisito, que tanta gente nunca ouviu falar e que, quando aparece, muitas vezes deixa um rastro de... “mas o que é isso”?
Vale começar dizendo que a origem da dança como expressão se mistura com a origem do próprio homem. O homem pré-histórico já se manifestava por meio do corpo e de suas movimentações. Hoje conhecemos a dança, na maior parte das vezes, associada ao formato de um espetáculo destinado a um público que assiste a um grupo de artistas (seja dentro de um teatro, na rua ou em qualquer outro espaço). Mas, há muito tempo atrás, o objetivo do homem ao dançar não era exatamente o de se apresentar ao público. Inicialmente a dança era absolutamente parte da vida e de suas necessidades, em rituais e festividades dos mais diversos tipos. De lá pra cá muita coisa aconteceu (estamos falando de milhares de anos...), mas se pesquisarmos as expressões de qualquer época veremos que, na maioria das vezes, as artes refletem o que uma sociedade está vivendo em determinado período, suas necessidades, comemorações, angústias, lutas, crenças, modos de vida, paixões. Quando começamos a perceber isso, entendemos que a arte pode ter uma relação muito grande com a nossa própria vida.
Pensando nisso, e levando em consideração que “contemporâneo” é aquilo que é atual, do momento presente, podemos dizer que é contemporânea toda forma de arte que, de alguma maneira, se relaciona com o momento que vivemos hoje. Por isso o que chamamos de “dança contemporânea” é algo tão múltiplo. Porque, mais do que um conjunto de formas e modos de fazer sempre reconhecíveis, a dança contemporânea trabalha com abertura para pesquisa e investigação. Seja a investigação do próprio movimento, seja de tudo o que pode estar em torno dele. Há espaço para a relação entre muitos elementos que, juntos, podem expressar aquilo que deseja o artista de hoje. E para isso pode ser preciso descobrir movimentações novas, usar muitos tipos de referências e técnicas anteriores, reconhecer o corpo das mais diversas maneiras, rever e ampliar os padrões sobre os corpos que dançam, criar e recriar suas próprias técnicas, experimentar novos espaços e novas relações com a platéia, fundir teatro, artes visuais, vida real, música, poética, política, histórias. Tudo isso será possível (e outras vontades mais) de acordo com o caminho que se deseja para cada experiência e criação. Isso faz com que a definição de dança contemporânea seja móvel, mutável. O que guia o seu desejo? O que expressa a sua dança? Para onde ela pode ir? Qual o seu interesse como artista? Essas talvez possam ser algumas perguntas que o artista contemporâneo, direta ou indiretamente, acaba fazendo antes, durante e/ou depois de cada escolha artística. Porque criar é uma mistura entre intuir, pensar, experimentar, descartar, refazer, escolher, sentir, não necessariamente nesta ordem.
Hoje, quando trabalhamos com dança contemporânea, somos também reflexo de tudo o que a dança já viveu, já criou e já modificou antes de nós. Desde os homens das cavernas, que dançavam nos seus rituais de vida, até hoje, muitas pessoas estiveram envolvidas com as possibilidades do corpo e foram construindo uma história. Criar é tanto um ato de invenção e reflexão do novo, quanto uma ação que traz consigo uma história que começou há milênios atrás. E, hoje, muitas pessoas continuam desenhando esses caminhos, ou como artistas profissionais, ou amadores, ou se divertindo, ou pelos movimentos próprios da vida e da história de cada um. Por isso, quando ouvimos falar sobre bailarinos e coreógrafos importantes, não podemos esquecer que eles não são os únicos responsáveis por toda essa história. Bilhões de pessoas dançaram e dançam no mundo inteiro desde sempre, e a grande maioria delas nunca ficou registrada em livros ou outras fontes de pesquisa. Qualquer um de nós, hoje, dançando nas mais diversas situações, é também participante nesse processo.
E que dança é essa, contemporânea, afinal? Talvez uma dança de possibilidades e investigações. Não teria aqui a pretensão de defini-la. Ainda é um conceito em construção, aberto e cheio de possibilidades, como são as suas muitas (e diferentes) criações.

Crédito das imagens:
1. Foto: Diogo Henrique Pasquim
2. A dança, Henri Matisse
 
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escrito para a REVISTA VERNÁCULO / 1a Edição / fevereiro de 2013 (publicação virtual realizada pelo CEU Alvarenga: http://culturaceualvarenga.wix.com)
  

domingo, 17 de fevereiro de 2013


Já tinha olheiras sutis apontando, já sorria mais alto do lado direito do que do esquerdo, já se desconcertava um pouco na frente da câmera, já era vontades versus timidez. A foto expressa há mais de dois anos aparece e reverbera tanto. Muitas e belas reações; bom rever a imagem do passado reconhecendo quem sou agora; recuperar um tanto dessa menininha cá dentro e vislumbrar algo dela nos desdobramentos e múltiplos de mim que virão.
   

sábado, 9 de fevereiro de 2013

essediadehoje
dessavezpelasegundavez
nãoprecisafototextoàdistância
porqueperto
brilhemgrandesolhinhospequenos
todoanosempre
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

#3
pelos estranhos espaços por onde entram as vontades.

#2
Mais perto. Um pouco mais.

#1
Um salto. Suspensão no ponto, no topo.