segunda-feira, 30 de setembro de 2013


"Eu que não durmo, por não dormir já não sonho."
Tempo que não é. Que não tem. Suprimido nas horas metamorfoseadas em minutos nada cronológicos. Algum estado (delicioso) de imersão. Fui escrevendo com os olhos - abertos, muito - em meio a poltronas, telas, músicas, pipocas, lençóis, vinho, vocês gigantes e este espaço que está além da cena. Ou profundamente dentro dela. Frente às ironias todas, humanas tanto, experiência meu-corpo seu-corpo, sua-cena meu-nosso-lugar-de-estar. Fui, pela hora imposta pelo metrô. Busquei o carro, voltei, necessidade. Encontrada, num despojamento sagrado cheio de lembrança, prazer e mergulho. Eu agradeço, desejaria horas a mais sem sono, sem ar, tantas.
Vigília.
Cássio Pires, Carlos Canhameiro, Daniel Gonzalez, André Capuano, Tetembua Dandara.
   

terça-feira, 17 de setembro de 2013


Eu fui me buscar no fundo de um sonho. Estou relevo em outras linhas. Estou relevo fora daqui.
(para Dark Room | iN SAiO Cia. de Arte)
   

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

     
Hoje ele falou sobre a "mãe de umbigo". Eu, caipira da cidade grande, nunca tinha ouvido esse nome; quando soube o significado imediatamente achei ser uma das coisas mais bonitas que já imaginei. Era a parteira que o ajudou a nascer há quase 70 anos, e era cega, cega que fazia dar à luz. E ele, moleque, cada vez que ia visitar a casa dela, era tocado dos pés à cabeça, jeito pra ela saber de que tamanho estava a criança. Parece que vinha sempre com uma frase como "nossa, o menino tá grande, tá crescido". Mãe, e de umbigo; umbigo, essa coisa que toca tão dentro, tão alimento, tão origem, tão ligação com o nó que pra sempre amarra a gente no mundo.
- história do Severino, que também conta que chorou na barriga da mãe antes mesmo de nascer.