quarta-feira, 28 de abril de 2010

   
Cedo. Grito
curto, quase nem era
     grito, e de repente. Queda,
 o vermelho pela calçada. Fissuras
 em trevo
   no topo da cabeça. A menina
               pequena tirada às
       pressas, olhos estalados sem compreensão: a seu lado
    no segundo anterior. Pensamento
             buscando solução rápida para a imagem
        estendida no tempo, o tempo dilatado ao mesmo
             tempo que instantâneo. Pergunta
    óbvia, resposta óbvia. Algum som e
              o rio, fio vermelho, ação desconhecida,
 instantes, alguém ao telefone. Rápido
          agrupamento em torno, sempre
 há. Coração disparado, indefinidamente
          sem saber o que foi. O caminho seguiu-se enquanto corria
                       o rio vermelho.
 Horas depois, mais
                        nada
                      na
             calçada.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

           
...e hoje não sei se sou mais mãe ou estrangeira -
terra ou mar, mais terra ou ar.

sábado, 17 de abril de 2010


Eram muitos moradores. Alguns antigos, dos que estiveram no tempo das construções. Outros nem tanto, mas já habitavam os espaços por algum tempo. E os que eram tão novos que mal conheciam ainda seus próprios endereços. Reuniram-se todos em grandes grupos mistos, e fossem eles um pouco mais ou um pouco menos conhecedores dos muitos passados, nenhum poderia dizer sobre o novo presente que retornava naqueles dias. O novo presente, desenhador do próximo futuro. Encontravam-se para trocar, ouvir e compreender maneiras possíveis de continuar. Era um espaço potencial de encontro, possibilidade de olhares voltados para o entendimento de vocabulários, idéias, maneiras possíveis de pensamentos e ações. No entanto, para onde foram? Ficou um estranho vazio.
          

terça-feira, 13 de abril de 2010

             
CORPO DA VEZ apresenta
"SILENCIARAM"

sexta-feira, 16 de abril, 20h

C. Cultural Diadema - Teatro Clara Nunes
Rua Graciosa, 300 - Centro
Entrada Franca


http://www.youtube.com/watch?v=TVQg-oOKf5s

quinta-feira, 8 de abril de 2010

                   
Morros molhados, gente de chuva, corpo de terra,
areia que se desfaz no espaço - ladeira abaixo,
sentido único, para baixo, sob,
e sobre é cimento e chão invertido
imagem reincidente, aqui e lá, dias submersos
avesso de planeta, gravidade sem resistência
crateras de tudo em destroços
pedaços de vida
abrigo, colagem e reconstruções,
viva incompletude, t-erra.
     

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Tinha palavras que despencavam pra lugar algum. Palavras de cera, papel, papelão, palavras duras de madeira antiga, que derretiam ao som das outras, virtualmente escritas. As suas, de antes, desfaziam-se em moléculas líquidas, pelos olhos incertos, sempre incertos, como que estrábicos interiores. Espaços de saudades muitas, teias e fragmentos. Palavras que saltam antes, sussurros ou gritos, matérias de ar. Madrugadas emaranhadas em travesseiros sem sono.

Qual é a desordem por aqui? A desordem de fato, a verdadeira, não a que aparece no lugar. Desordem daquelas de sangue e fungo, de corpo e incômodo, tem bula que assusta e insistindo resolve, ou disfarça. Mas cápsula pra outro lugar, de se entender, de raiz, cor/ação, de verdade, é poema não escrito, palavra que não existe, que vai sentir quando o resto der espaço.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

 
p.s. de televisão: Ainda bem que as plásticas não acabaram com a voz da Elba...