segunda-feira, 29 de março de 2010


Pequeno barco de fogo pelas águas compridas.
Correnteza forte carrega folhas de bananeira dispostas na forma de tradições milenares. Corre a chama-correnteza, fogo de luz, da noite entrar no dia na hora exata de sempre. Barquinhos vários, fogo em círculo, em cantos, em cânticos, em conchas soando limpas nas margens degraus das águas geladas, correntes pras mãos segurarem. Luz de fogo de proteção, ritual e crença ou imagem, linda imagem por si, onde embarcam histórias solúveis ou não nas chamas dos deuses, olhos das gentes, águas de luz.

domingo, 21 de março de 2010

A vida me espanta. Espanto para-pelo incompreensível. Imagem que não vi fotografada na noite de sono dífícil. Quem fica, como fica? Envolvimento não-meu, busca de sentido, encontro como cumplicidade humana. Saber como (des)anda o interior de qualquer ser? Nem sempre se conhece todo desespero. Que a escolha seja paz, na forma vaporosa que for, ilusória ou concreta, real.

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Aquela criança, pequeno menino, mais-que-especial, reviverá o alívio. Algum alívio, entre os sorrisos dos olhinhos claros que, definitivamente, aprenderam a andar, correr, cair, para todas as direções. Vida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Realidade incompreendida, o retorno. Mas ver o que foi tem gosto, cheiro, é história e corre por dentro como versos gravados. Não há tempo de ver o passado se transformar nele mesmo, a não ser de repente, quando vai longe, quando os rostos e corpos revistos mudaram, quando finalmente hoje é tempo diferente, embora passado a cada segundo - passado. Tempo móvel. Acelerado. Memória em espiral. Olhar para eu-aquela, personagem que não sabia de seus futuros múltiplos, hoje também já atrás. Saber mais que ela sobre o que viveria, incertas vidas, não sabem as próximas. Óbvio panorama interior. Inútil e inevitável. Acidental.

sábado, 6 de março de 2010

Ela, sozinha como sempre, como se nunca tivesse sido diferente. Poderia ser, mas de que importa o "se" quando o tempo futuro deixou de ser depois, e já tornou-se agora? Abandonada como desde os tempos conhecidos. Há escolhas entre a sanidade e a loucura? Se hoje o mundo seu, incerto e próprio, aberto pelas ruas e espaços comuns, for abrigo e conforto, nos pés machucados, sacolas pesadas de ar e a cabeça coberta por algo que talvez não se possa mais acessar? Ou, gota a gota, voltar. Desde quando perdeu-se o tempo de aceitar, aceitarmos, aceitarem? Qual o poder e a certeza de que o caminho deveria ser outro? Aqui, receio de pensamentos levianos. E das impotências.