terça-feira, 25 de janeiro de 2011

        
novo texto em: http://www.projetomovola.com/ / veja em Sala.Blog
Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui

Fragmentos de pessoas na matéria da água. Tempo milimétrico. Frames?
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Dois dias para a estréia, aniversário da cidade de São Paulo. Ensaio com aspecto de finalização, busca de soluções. Construir transições entre as partes, e tudo é cena.
A mesma movimentação de alguns dias atrás parece ter hoje outra ambientação. O que antes soava como violento transforma-se, agora, em reflexo, densidade e enfrentamento.
Pausa para respiro, mudanças, mudanças, e uma questão volta à tona entre a equipe em cena: até quando é o momento de mudar? O tom de voz baixo predomina no ambiente e retoma-se o ensaio. Meio termo: algumas coisas se mantêm, outras são alteradas.
Observando o trabalho depois de um tempo, linhas retas parecem não caber. A movimentação vem toda pontuada e contínua, mas tem rachaduras sempre elásticas. Aos olhos de quem vê, traz efeito de um corpo incômodo. Um não, três. As camadas de movimento são sutilmente retomadas ao longo do espetáculo, apontam passagens comuns aqui e ali, mas levam a cada vez para um lugar diferente. São cobertas de vez em quando por um verde quase total; chroma key em formatos geométricos variados, espalhados pelo chão, pelos corpos, pelos objetos, menos ao fundo, lugar de origem.
Projeção, nova justaposição. Compor a cena com o vídeo. Cria-se uma relação, aqui, menos de movimento e mais de impressões. As imagens dividem-se entre as paredes dos quadrados e retângulos espalhados pelo espaço; são fragmentos de pessoas na matéria da água. Da piscina para o palco, um tempo diferente do outro. Que conversa é essa? Tempo. Talvez seja esse o diálogo. Os olhos caminham para as imagens lado a lado: gravação + corpos ao vivo, muito suor. Água de um jeito ou de outro, descanso e vivacidade - presença.
Interpretações cautelosas e seguras, o tempo parece ser milimétrico. Frames? Nos duos e trios, o contato preciso deixa os intérpretes em risco. Não há espaço para que nada escape.
Ao fundo, em diagonal, uma nova iluminação amarelada torna as paredes um espaço infinito. Por ali alguém vai embora, como se para algum lugar invisível.
25 de janeiro de 2011
                            

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