domingo, 12 de dezembro de 2010

                    
Amanheceu e encontrei pássaros coloridos em asas de papel, equilibrando-se nos galhos de um arbusto que preencheu a calçada com sua presença reinventada. Um por um, amarrados cenograficamente, muitos, e era só passar ali e ver, no meio do caminho. Entardeceu e o granizo compôs histórias. Fez barulho, derrubou árvore e preparou o horário para o movimento - rodas mãos música espaço gente suor. Dança, porque foi o que nos levou ali. São meses em minutos, minutos relativizando o tempo, sempre. Grita de novo a timidez sutil da menina que eu era, e sou, e disparo. Nomes - as letras me remetem a cada expressão particular. Anoiteceu e meu presente abraçado pela rua como recém-nascido. O congolês entre uma estação e outra olha de rabo de olho as trinta rosas vermelhas, sorri quase que para si mesmo, mareja o olhar. Pergunta, respondo, comenta com seu sotaque misto, cheio de palavras certeiras, algumas coisas sobre pessoas, e sobre o amor. Don't you cry? Me conta um pouco do seu trânsito, em minutos na estrada novamente. Tem ar saudoso de rotas que cruzam o oceano: Congo, Toronto, Cabo Verde, Vancouver, tanta gente espalhada em todo lugar. São Paulo e a engenharia do metrô. Sinal na linha azul e ouço: neste país há pessoas especiais. Como você. Cruza então a roleta rumo à praia; sigo o trem porque as rosas estão aí para florescer.
Isso é essa cidade invertida.
           

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