domingo, 3 de fevereiro de 2008


Tudo o que se cria estabelece alguma forma de vínculo. Se não é para isso, não há porque estarmos no mundo. Tanto assim? Sim... (?) Se no fundo de qualquer ação humana está a necessidade da relação, do contato, da troca, ainda que aparentemente solitária, tanto de tudo que há a cada esquina torna-se ainda mais aterrorizante num momento pré-implosão de nós mesmos. Quanto ainda iremos durar? Talvez nossa mínima "obrigação", sem o peso do termo, seja abrirmos os olhos. E nos reconhecermos.

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Muito do que explodiu passou a andar em linhas horizontais. (são imagens).

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recuperando de muito tempo atrás, mas sempre... (nas duas línguas, porque a sonoridade original - que parece que "ouço", lendo, mas não sei pronunciar com exatidão - é bonita demais):

Fábula de la sirena y los borrachos

"Todos estos señores estaban dentro
cuando ella entró completamente desnuda
ellos habían bebido y comenzaron a escupirla
ella no entendía nada recién salía del rio
era una sirena que se había extraviado
los insultos corrían sobre su carne lisa
la inmundicia cubrió sus pechos de oro
ella no sabía llorar por eso no lloraba
no sabía vestirse por eso no se vestía
la tatuaron con cigarrillos y con corchos quemados
y reían hasta caer al suelo de la taberna
ella no hablaba porque no sabía hablar
sus ojos eran color de amor distante
sus brazos construídos de topacios gemelos
sus labios se cortaron en la luz del coral
y de pronto salió por esa puerta
apenas entro al rio quedó limpia
relució como una piedra blanca en la lluvia
y sin mirar atrás nadó de nuevo
nadó hacia nunca más hacia morir."
(Pablo Neruda)

"Todos estes senhores estavam lá dentro
quando ela entrou completamente nua
eles tinham bebido e começaram a cuspir nela
ela não entendia nada acabava de sair do rio
era uma sereia que se tinha extraviado
os insultos corriam sobre a sua carne lisa
a imundície cobriu os seus peitos de ouro
ela não sabia chorar por isso não chorava
não sabia se vestir por isso não se vestia
tatuaram-na com cigarros e com rolhas queimadas
e riam até cair no chão da taberna
ela não falava porque não sabia falar
seus olhos eram da cor de amor distante
seus braços construídos de topázios gêmeos
seus lábios se cortaram na luz do coral
e de repente saiu por essa porta
mal entrou no rio ficou limpa
reluziu como uma pedra branca na chuva
e sem olhar para trás nadou de novo
nadou até nunca mais até morrer"

.... ... ...

Por que isso, agora?


Um comentário:

Anônimo disse...

Belo belo