domingo, 17 de fevereiro de 2008

Os olhos são fundos e antigos. Contam a passagem dos muitos anos, embora hoje saibam talvez bem pouco de si. Ou sabem por outras compreensões? Ou registraram tanto da própria história que manifestam-se apenas para o lado de dentro, tornando invisível a lucidez? Os olhos que hipnotizam pela distância preenchida por um tempo que parece esvaziar-se. O sorriso, grande. Reconhecível diante de cada imagem em outras épocas. A mão move o copo, leva o talher preparado, abandona; a cabeça pende num sono interpretado com a verdade de quem simula a si mesmo. Com a mesma lentidão do olhar que procura saber o que fazer. Como uma criança, quase um século depois, procurando entender. O som está distante mas há. Som sempre há. O ritmo de fora é compassado. O de dentro, não há como descobrir. Incógnita, tristeza, beleza. E os olhos, infinitos.

Um comentário:

P0NT0 CEG0 disse...

Lindo esse! Podemos usar na narração de outra maneira? Beijocão do seu amoricão! Fiz um também sem ler o seu antes! Que sintonia hein?