Que esse que vai vir seja feliz, e de boas surpresas. O como, só sendo. Em água o que for para dissolver; na pele e por dentro dela o que tiver permanências, por quanto for. Eu? Estrada.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Esse riso bom ecoando nos sonhos dos meus sonos curtos,
em tons macios, junto aos olhos apertados.
Respiração espalhada
de dentro pra fora e das imagem para dentro
corre numa curiosidade desperta.
Inquieta, acordada, para conhecer o que é, e como,
alguma surpresa escondida por trás de saber desses sons.
Convite mudo lançado à jato.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
Há um ano cheguei perto dessas energias pela primeira vez. Perto de corpo, olhos, lágrimas, ouvidos, desejos, curiosidades e arrepios presentes. Ainda alterno sobre como meu coração e meu pensamento tocam nisso mas, surpresa e impressionada até hoje, tenho algum vínculo gravado para sempre nesse universo de outros nomes.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
O primeiro parto meu-não-meu-fora-dentro-de-mim foi aquele por amor e vontade até que transformou-se em vento daqueles olhinhos das fotografias ficou imaginação porque para certas intensidades há de ser tudo ou nada quando se reconstruíam possibilidades um tiro de canhão à queima-roupa na rua sem saída abateu de susto de incoerência de choque térmico visual auditivo pela expectativa de que era outro o tempo e mal sabia que. Cava-se na fumaça. Dança que, pelo suor, voa.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Humpf por dentro; salmoura da cabeça aos pés por fora, por favor. Numa curva daquelas que. É quase como algo desconhecido que agora toca devagar, depois do espaço abismo que derreteu imagens. Eu falei enquanto dormia, mas eram tantos quilômetros surdos que talvez fosse melhor manter o sono mudo e abrir nos sonhos, meus e outros, a voz e os olhos. Há gravações escondidas. Uma saudade sem nome.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
A mãe com a filha de uns 2 anos no carrinho, atravessando o viaduto sobre uma avenida pintada de faróis vermelhos de um lado e brancos do outro, todos parados. "Olha lá embaixo, filha, quantos carros!" E tive vontade de que meus filhos venham a tempo de, ao menos olhando para cima, conseguirem no mínimo ainda ver a lua.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Noite/madrugada. Eu-clara, estrada ainda escura; encontrar som, movimento, calor e mais algumas interrogações. Vou a fundo no espelho solitário e silencioso, sou o espaço de cá. Redescubro o sentido do medo num recorte de percurso curto, alongado pelo abismo atrás e na frente que traz realidade para a relatividade do tempo. Atravesso. Chuva fina para o barro nos pés; nas batidas ao longe reconheço mais um retorno entre os cantos de nomes lindos que me aproximam. Observo como quem procura algum esboço de certeza, um só que seja, uma afirmação pequena que responda sobre. Dessa vez, o que quase escorre transparente é o não saber - além do som que retorna quando traz consigo quem fez a ponte entre um desejo e sua concretude impressionante. Do espanto, sei que observo os olhos fechados, abertos, entreabertos, as vozes e tudo o que me causa uma diversão desconfortável; brigo com minha própria desconfiança, sorrio amarelo porque discuto com o que enxergo. Os olhos podem dizer de quem está dentro deles? Talvez pudessem antes, mas nem eles são capazes agora. Vidas reais que tem alguma aparência de uma ficção estranhada. Se ver não basta mais, como escolho sentir? Minhas mãos ocupadas de doces, há pedidos, ordens, idiomas, funções e uma lagoa indefinida. Não consigo conjugar em terceira pessoa. Quem fala comigo? Confundo-me entre sensação, pensamento, sugestão, explicação, eloquências, imagens, realização, situações, nomes, conceitos, metáforas, alegorias; destaco-me do planeta e olho de fora essa brincadeira ingênua criada para que façamos disso, e de nós mesmos, algum sentido. Volto e quero entender esses mergulhos profundos. Entre compreender, duvidar e fundir, são inúmeras viagens de ida e volta em espiral. Amanheceu, e minha cabeça e corpo que não dormiram acordam junto com o dia emendado no anterior. Eu-clara, eu-interrogação.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Gerar por/vir, ao longo da travessia de clima vibrante que se alterna para que seja possível. Rascunha-se em mim alguma compreensão ainda irreal. O tempo se aproxima, embora complexo como o que vem por dentro dele. Silêncio. Espaço para ver, tecer e criar. Olhos de lince e água doce. Linhas tatuadas de futuro. O que sai pelos olhos é meu lugar expandido. Pode ser que o amor seja invisível.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Há dois dias: "Quanto tempo vai durar essa oficina?" "Três meses." "Então, daqui a três meses eu vou conseguir sentar no chão, como vocês." Hoje, rolamento adaptado para ela de pé, na parede. Aí: "Depois você me ajuda a subir? Eu quero fazer no chão." E fez, com torção e tudo, tão antes do seu próprio prazo.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Subi os degraus no ritmo do piano (meio francês?) e isso tinha alguma comicidade que só eu escutava. O tempo corre mais quando não pode. Na quase última parte do caminho, o outro lado do vidro e um banner de copo amarelo espumante. Puxam assunto nessas conversas vindas do desconhecido, e tiro o fone para saber. "Se eu fosse 'da alta', proibia isso. Eles querem viciar o povo. Coisa horrível. Podia ser uma foto de um morango bem bonito, ou um refrigerante geladinho. Mas isso? O médico hoje me disse que eu tenho 52 anos mas não pareço. Claro, eu não fumo, não bebo, e o povo aí só vive na bagunça. Aí ainda tem gente que olha essas fotos e fica querendo beber isso. Chegou meu ponto, vou descer, até mais e um bom dia". Eu: nem dava tempo e nem nada o que responder; em instantes tinha me tornado parte (divertida) da bagunça. Atraso calculado e foco no novo começo. O retorno parece não ter previsão - enquanto isso, registro.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
No dia da fotografia desbotada, era um corpo-casca prestes a rachar. Então atravessa portas para escapar de dentro de si e encontra peças que se encaixam sem regras, multiplicam-se ainda ao longe e atravessam quentes pelas artérias. Hoje é dia de força e cura; cores que ofuscam em sorrisos brilhantes pelo caminho intermitente. As águas lavam à sua medida enquanto me viro ao contrário e quero tão profundamente quanto duvidosamente inverter as doações que nada pedem em troca, exceto aquelas desejadas para sempre. Desinteressou-me esse não camuflado, ouvido espalhado. Do melhor e do pior de mim constitui minha matéria de ser, tão óbvia quanto ainda em trabalho de parto. O corpo-alma que tanto foi suporte, e meio, pede para enxergar e receber vontades. Gosto esfomeado, forte e ácido-adocicado, esfumaçado às vezes, vermelho-vinho, querendo espaço, querendo espaço, querendo espaço e cria. Ninar(nos) em disparos de vida. Isso é o tempo.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Não cabendo. Aqui e nas pontuações reticentes. E vendo a criança tão menor, tão desenho do passado, busquei nos olhos dela um presente um pouco perdido. Tive ímpeto de colocar no colo aquela menina de pernas menores do que a meia, de abraçá-la e reencontrá-la nos meus espaços vazios - vontade espelhada. Procuro no tempo esboços do futuro.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Fecho a porta, a janela, vedação no rodapé. Apago as luzes. Desligo gás, aparelho de som, computador e todas as tomadas. Viro de costas. Abro os olhos, o espaço atrás de mim se dissolve e escoa. Do outro lado, esboçam-se traços tridimensionais. Portas, janelas, rodapés, gás, som, computador, tomadas, rabiscos de outras cores, outros tamanhos, difusos. Convidam-me.Vou.
sábado, 13 de agosto de 2011
Presentes. Dança e(m) encontros - elos para todos os movimentos. Hoje meu pensamento dividiu-se em dois universos tão distintos quanto próximos; rastros de histórias construídas em conjunto. Obrigada ao Danceato pelo acolhimento, por me sentir tão dentro mesmo fora, pela poesia, lembrança revivida no corpo. Obrigada à Sul 1 e a todos os vocacionados - experiências e trajetos de desdobramentos e encantamentos. E às primeiras noites de aprendizado BR/FR, fonte inesgotável de prazer. Que seja assim: mais!
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
No primeiro ato desse agosto, chavões que tomam conta de um coração na boca. Eu por dentro respondendo inteira ao que é mais do que aparência. O número imenso de tempo que se anunciava encerra a contagem regressiva e agora, no limiar da proximidade, prevejo a realidade cheia de medo e felicidade. No segundo ato a imagem que se aproxima me brilha por dentro. Durante os passos incontáveis, eu-uma-inteira-acelero, atenta para as palavras que podia ouvir. São os olhos cabelos boca mãos sorrisos, e aquele espaço minúsculo entre os dentes onde quero me instalar por instantes que não terminem. Pisco só para mim, acreditando. No terceiro ato, explosão plena e toda falta de palavras. No quarto ato quero lembrar Saramago, "se não disseres nada compreenderei melhor, há ocasiões em que as palavras não servem de nada". Pergunto imersa em interpretações e desejos.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Das matérias que me compõem, são desconhecidas quase todas. Nas visíveis reconheço partes terrenas, partes de café, de amor, de pensamentos, de madrugada. Partes de ansiedade, doses de mentiras brandas, preguiças e forças trocando de lugar, palavras buscando dar conta de dividir o que é tão difuso quanto pontual. Uma pressa intrínseca, urgência de. Precisava ter braços de abraçar o mundo todo, e um tempo estendido para além do real. Trilhas sonoras intermináveis que contam reticências e exclamações, todos os cheiros que conduzem pelos tempos em espiral. O corpo em reecontro. Desagues de acasos, esperas, realidades e virtualidades e realidades. Olho o relógio e, nesse instante, minha cabeça no ar.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
que reação é essa que descontrola no corpo a voz vinda daquela distância; o relógio acelera a contagem regressiva - proximidades; imprimo expressões pela tela desfocada; guardo por dentro o que não tem outro registro; observo, peço, mergulho, espero; tremor ingênuo; tropeço no tempo que rompe o espaço silencioso; envolvo e fecho os olhos para dormir e poder acordar.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Ônibus pela cidade, e parece que tenho contato com todas as crianças do mundo. Criança observando é das imagens mais bonitas de ver. Percurso, a lua ali, do lado de cima, brilhou mais, em círculos sentidos de olhos fechados. Depois a lua inverteu de cor. Turbulências do olhar para dentro, respiração. Sonoridades, uma bagunça boa de idéias. Volto ao movimento. Surpreender-se, às vezes. Escapam palavras.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
E se for mais perto do que parece, se forem reconstruídas as imagens apagadas pela fumaça desse tempo difuso, e se houver significado nos sonhos parecidos em lugares distintos, se for assim porque foram sonhados na mesma noite, e se eu me assustar com isso a ponto de perceber, e se me confundir em meus próprios desejos, se as palavras saírem assim sem som para rebater em paredes de concreto, se minhas peles e ares voltarem a responder pelo movimento e essa minha fome for saudável, e se dissolver de/em mim esse corpo estranho, se for por impulso, e as músicas carregarem histórias, e os cheiros me preencherem como nunca, e como sempre.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
E aí as estradas não terminam nunca. Passagens, paisagens, imagens; São Paulo torna-se cidade de imensidão sem medida, tantas travessas curvas climas quase simultâneos, continuamente irregulares. Vento nublado que muda de cor se é (qual) dia ou noite, e onde. Os retornos de longe vêm contraditórios e minhas divisões internas escolhem, ou não, como responder, ou não. Não reconheço o caminho recusado, nessa visão ainda desencontrada das vontades. Elaboro a intenção com informalidade repentina; acho que quero descobrir poesia na dança e isso vai ter um monte de mim lá dentro. Brilho perfumado acelerando algo por(vir), mesmo que diverso. Frio e vinho se (me) atraem. Ir ou ficar, plurais, fusões.
domingo, 26 de junho de 2011
Que imagens passam por dentro dos olhos que parecem ver mais fundo? Eu, no mais branco do que antes. Estrada, banho, bacia, saudação e cheiro, apreensão. Panos saias cabelos, uma forma que parece não me caber mas está aqui, eu tão fora do ninho quanto dentro dele. Bicadas de costas de álcools vários, fumaças, mais trocar do que absorver. Volta em mim a timidez da menina que está ainda guardada tão perto de hoje, algum receio incompreendido. São sons gigantes, danças e danças e brasa que se apaga na palma da mão, seguida do gesto-presente que abre fendas para os olhos molharem buscando leituras. Festa, festa, ouço algo sobre semente, sobre início, sobre começo. Sou levada aos pés da energia-gente-homem, é noite/dia de encontrar quem !!, realização imensurável. Assumidamente em muitas lágrimas - ainda - porque o inesperado, quando concreto, é ao mesmo tempo o que há de mais próximo e mais distante em mim. Meus pés e palmas aos poucos soando também. Eu não sei responder, ainda olho. Neblina e risco, sono coletivo que passa uma rasteira nas horas curtas. Amanhece onde me parece ser um universo suspenso. O retorno é quase meio do outro dia. À minha irmã-anja, obrigada por abrir caminhos, mesmo que eu não saiba bem onde me encontro entre tantos olhares.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
hoje tento dar nome para os processos criativos que talvez eu não saiba mesmo como se chamam ou como defino, sinto o tempo correndo mais e menos do que deveria, espero contagens regressivas e suponho as progressivas, sinto saudades contrastantes, procuro de que forma o movimento tem espaço dentro e fora de mim, escolho entre tentar ir ou arriscar ficar, sonhei coisas inesperadas e ausentes, não entendo muitas ações que talvez não digam mesmo respeito a mim, desejo saltar no desconhecido, conceber espaços e vidas, preciso cuidar do que pode não ser grave nem urgente mas tem que ser curado, hoje estou assim no meio da floresta de espelhos, faz frio em São Paulo e há músicas e encontros que podem esquentar de dentro pra fora.
sábado, 11 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
Tem palavra que é como toque disparado na pele por onde passam idéias e devir(es) a todo instante entre telas e sonhos desenhados pelos pensamentos recíprocos de personagens inesperadamente vulcânicos e cuidadosos procurando pelos sinais experimentando livres associações guardando frases inteiras de ação e os melhores verbos recorrentes enquanto o tempo insiste em relativizar-se todos os dias.
terça-feira, 31 de maio de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
espelho: feche - ou abra - os olhos e atravesse essa parede imaginária. ela já se dissolveu. há mais histórias a se construir do outro lado do rio e a travessia já aconteceu. então, ouça com ouvidos quase surdos essa rememória inevitável. deixe ser, porque você construiu para o bem e para o ciclo virar. 'bora navegar!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
.aula de dança.
"Eu nasci em Alagoas e não fui registrado. Aí eu resolvi que ia embora pra São Paulo. Eu tinha 16 anos mas precisava tirar a reservista, e eu fui no cartório pra fazer o meu registro. Eu nasci em outubro, mas inventei que nasci em maio, e um ano antes, pra poder ficar maior de idade. Aí eu escolhi o dia 12 de maio pro meu aniversário, porque tinha uma música bonita, que eu gostava, que falava dessa data, era uma homenagem. Então eu escolhi o dia do meu aniversário. Ah, é, era 13 de maio, né? Mas eu confundi, achei que era 12, então ficou sendo 12 de maio. Então hoje eu tenho 73 ou 74 anos, depende se conta o dia que eu nasci mesmo, ou o dia que está no registro. Mas o documento é o que vale, não é?"
"Eu desde pequeno ouvi falar que homem tinha que ser sério, assim, sabe? Bem sério, mesmo. Com o meu pai era assim que a gente aprendia. Só agora eu to descobrindo que existe um palhaço dentro de mim."
E de onde vieram os movimentos que vocês fizeram? "De lá, da música." Mas da música, de dentro do aparelho de som? "Não. É que a música entra em mim, dentro do meu corpo, e quando sai se transforma em dança, e saem os movimentos."
José, 73 (ou 74) anos, depende... CEU Alvarenga.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
começou assim...
...ir ao teatro era prática comum, com os pais, com os avós. Quantos anos de idade? Uns 3 ou 4, talvez. Depois aprendeu a ler e, aos finais de semana, tornou-se habitual olhar a programação no suplemento infantil do jornal para escolher um espetáculo: “Alô? Vó, me leva?”. Algum tempo depois, uma coleguinha de escola encontrou um curso de teatro. Um pouco “Maria-vai-com-as-outras”, foi também. Era 1990. Ficou.
Aula livre, o sábado de atividade aguardado com ansiedade, e a brincadeira cênica foi fazendo sentido e movimento. Quase 3 anos depois, encasquetou que, no curso dividido por idade, estava sempre voltando à estaca zero. Resolveu sair e esperar completar 15 anos para ingressar no curso profissionalizante. Poucos - bem poucos - meses depois, de férias da escola, assistiu a um show de violão por acaso. Chorou ao ver o palco. Voltou pra casa e para o teatro, não poderia esperar mais 2 anos, ainda.
O novo curso virou um grupo amador por quase 6 anos. Tempo suficiente para criações, histórias, amigos, conflitos, entrega, insistência. Dali passou a integrar também o elenco de um infantil profissional. Tornou-se mascote, menina-criança-adolescente-adulta.
A faculdade foi de teatro. Educação Artística, na verdade, para seguir habilitação em Artes Cênicas. Curso onde as artes cênicas eram vistas, naquele momento, como teatro - e muito pouco mais que isso. Entre as colegas de sala, encontrou algumas bailarinas. “Vamos fazer um workshop de dança? São 3 dias”. Silêncio. “Não, de jeito nenhum, não vou acompanhar”. Foi. Acompanhou. Acompanhou mais ou menos, na verdade. No final o corpo já não estava entendendo mais. Mas gostou, e muito. Tratou de perceber que o trabalho de corpo era, talvez, o que mais a atraía no teatro.
Daí pra frente, mais grupos, na faculdade, por fora, nos horários que foram tão bem-vindos fora da grade curricular. Pessoas com as quais se identificou. Dança e teatro, tentar juntar, misturar, produzir. A dança ainda era suporte para a atriz que encontrava um novo prazer. Depois da formatura, a turma graduada virou grupo de teatro. Temporada, editais, espetáculos. A dança (já em outro grupo) corria paralela. Tinha ido só fazer aula em Diadema, aquela cidade vizinha, mas quando percebeu, já era elenco do grupo também. Começou a se meter a escrever sinopses e arriscar projetos. Os grupos andando, ambos. Dança e teatro. Complementares, conviveriam bem, talvez. Mas as datas batiam. Os horários se encontravam. As necessidades de cada um eram maiores. Havia uma escolha.
Inverteu tudo, então, e escolheu a dança. Qual? Os nomes, talvez, dêem conta de algumas descrições, talvez não. Dança contemporânea, dança-teatro. Gesto e movimento. Bases técnicas que faltavam (faltam, ainda). Idéias para materializar no corpo. Inseguranças: idade, fisicalidade. Arte é matéria física, concretizada, expressão posta visível, sensível. É preciso – muito – saber (como) fazer.
Vieram as primeiras experiências docentes – onde, pouco a pouco, descobriu também grande prazer. Estendeu essa prática até hoje.
E integrou um grupo intenso, por 8 anos, até que por algum motivo achou que era hora de estar em outro lugar.
O que mais? Gosta muito de música, a estimula. Não come animais. Produz melhor à noite. Tem muita fome quase sempre. E fica com muita fome quando assiste a espetáculos que a emocionam.
A terceira pessoa vira-se em primeira, agora. Olho para mim, para as horas, calendários corridos. Em São Paulo, desde sempre. Cidade lotada de atividades, pessoas, poluição, possibilidades, lotada de pouco tempo, lotada de encantamentos e estafas. Como fazer? Tempo de aprofundamento. Tempo de descobrir meu espaço, entender as possibilidades, reencontrar as vontades. Com quem, além dos parceiros de já tanto tempo? Com quais novos estímulos, agora? Onde me encaixo como bailarina não-virtuosa, interessada em qual dança?, porém não menos corporal? Como escapar das tendências-amebas, ter qualidade e propriedade, mas sem querer reinventar a roda, sem ignorar o que já se construiu? Aprender e criar. Tempo de buscar onde me encontro.
2010/2011/....
quarta-feira, 4 de maio de 2011
O espetáculo "Lugar algum", da iN SAiO Cia. de Arte, será exibido no programa "Dança contemporânea" (SESCTV), à meia-noite de hoje, dia 04 de maio (virada de quarta para quinta-feira).
Em São Paulo, o canal é acessado pela NET (canal 137) ou SKY (canal 3).
Reprises:
05/maio, 5ª feira - 04h e 18h
06/maio, 6ª feira - 22h
07/maio, sábado- 02h e 21h
08/maio, domingo - 05h e 18h
09/maio, 2ª feira- 01h e 16h
Para informações sobre como sintonizar o SESCTV nos demais canais do Brasil, acesse: http://www.sesctv.org.br/comosintonizar.cfm?estado=0
Divulguem e assistam!! Visitem o blog da iN SAiO!
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Era 2010 e ela, aos 70 anos, ali experimentando a cena. Tinha uma força e potência revelada poucas vezes, e a malícia quase velada da sua turma em geral. A cena criada por todos e praticamente ditada pelo espaço fazia livros dançarem e suas histórias aleatórias serem lidas ao acaso. Foram dois encontros com o público. Dias depois, todos juntos revendo o percurso, ouvimos dela: "Eu não sei ler, né? Aí, quando a gente abria o livro pra ler pro público, eu ia contando uma história minha, que eu inventava." Por dentro, silêncio de alguns instantes, pegos de surpresa pelo que desconhecíamos e encantados com a sutileza da solução.
Era 2011 e quase 4 meses depois. Volta o processo; ela não está. Uma colega sua: "Ela não vem mais. Foi pra escola à noite, decidiu que queria aprender a escrever o nome, porque ela não sabia ler nem escrever, né? Aí resolveu ir aprender."
sexta-feira, 22 de abril de 2011
branco retorno . pés no chão . reencontro . corte outro e outros . vinho água . tempo espera . cheiro . ritual . linda verdade intensa . chão cantos vozes condensadas . água nos olhos . suor observação .
um de novo que é sempre diferente, visualizo vontades e guardo flores de olhos fechados preenchidos de devir.
sábado, 9 de abril de 2011
sonhei que eu ia e a mala era esquecida no taxi do aeroporto eu descia só com uma mochila muito pesada e não me dei conta que o volume maior tinha ficado no carro coração apertado com a viagem-risco a velocidade era essa, corri pelos corredores para procurar o taxista que quando achei jogava com os outros umas sacolas-minha-mala, papéis escritos do lado de dentro na sacola de supermercado eu de olho no relógio meu horário e o vôo a mala era recuperada depois porque o motorista era amigo de alguém que não me lembro como uma indicação, eram roupas para quinze dias que o inconsciente sabia serem meses, na verdade, sem prazo.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Horror. Crianças. Olhos estalados: tornamo-nos irremediáveis?
Revirada com isso tudo. Como dormir??
Tenho visto muitas referências ao referendo de 2005, e relembrei um texto que escrevi nessa época. Reli e não pareceu preciso mexer em nada - e já se passaram quase 6 anos. Compartilho novamente.
Essa história do referendo me fez pensar em algumas coisas.
Ainda que pareça uma votação deslocada (num momento de investigações múltiplas sobre corrupção e outros terrores...), o fato é que agora, de uma maneira ou de outra muita gente comenta o assunto.
O que me deixou bastante assustada nos últimos dias foi a profusão de inclinações para o "não" que passei a ler e escutar. Então, a solução para um país onde os índices de violência só aumentam é armar oficialmente a população? Começam a aparecer piadas e analogias a determinados momentos políticos em que os governos desarmaram a população para evitar revoluções populares. Sinceramente? Antes estivesse o povo brasileiro organizado para esse fim! Me parece justamente o contrário: ter uma arma aparece agora como símbolo de segurança individual (proteja seus bens, sua família, sua integridade) sem que se perceba que essa falsa sensação de proteção só aumenta o perigo e afasta o homem da humanidade.
Tudo poderá ser justificado como legítima defesa: o menino encostou no vidro do carro, o motorista atira. Aí os outros motoristas, bastante solidários, compram a briga: inúmeras mortes em nome da segurança. Ouve-se um barulho na porta de casa, atira-se. O assaltante reage - normalmente bem mais preparado -, alguém da família leva um tiro. Tudo em nome da paz. Adolescentes estúpidos da alta burguesia já queimaram mendigos, agora com acesso livre às armas a brincadeira pode ficar mais prática para eles. "Os bandidos saberão que a população está desarmada, eles se sentirão livres para agir". Ora, quanta ilusão pensar que o número de assaltos e crimes será reduzido se grande parcela da população estiver armada para "assustar o ladrão". Quem vive do crime não vai deixá-lo por medo do cidadão armado. Isso me parece extremamente claro. Imagino o número de homícídios e balas perdidas crescendo em progressão geométrica à medida que todo cidadão resolva exercer o seu direito à defesa.
Há alguns dias vi um morador de rua encostado em um poste, pele e osso (não deve sobreviver ainda muitos dias), já completamente fora de si pelos efeitos todos da miséria, conversando num telefone imaginário algum assunto importantíssimo. Falava com extrema verdade segurando um objeto que lhe parecia muito real. A cena era impressionante. É ao que está sendo reduzida a humanidade: miséria, alucinação e descaso. Aí sim começa a violência. E não é armando a população que se vai combater suas causas - nem aliviar suas consequências "temporariamente". Logo mais estaremos saindo às ruas armados até os dentes, montados em tanques de guerra, ao invés de ônibus, carro ou metrô. Assim estaremos mais seguros.
Ter direito a ter uma arma é ter direito de usá-la. É ter o direito de matar em nome do fim da violência. Nada me soa mais incoerente.
17 de outubro de 2005
terça-feira, 5 de abril de 2011
limiar linha tênue ponto de fusão abismo de vento
o (meu) tempo pertence a?
desenho pequeno, passível de invisibilidade, registrado na pele, ainda não
um piercing virtual no canto da orelha
frio abraçado entre taças tintas
passagem de ar passagem de ar
mais paciência (in)tolerante
sonhos que atravessam o mar
ou a rua
...e se eu quisesse estar em outro lugar?
terça-feira, 29 de março de 2011
breve deslocamento; centro em 33 minutos
10h12. Timoneiro dá a direção, Terra à Vista corrige.
Calçada irregular de pequenas poças. Calor e cheiros. Urina x perfume. Tumulto. Obras. Um lado renasce, o outro dissolve, o terceiro se cria, novo.
Aprisiono-me nesse caderno.
Pausa. Contradição. Respira-se em ambiente mais claro que o externo, mesmo o externo sob o sol. Beleza e conforto. Vão quase livre. Seguimos.
Engano. Graça na confusão ingênua.
Alguém troca de função com entusiasmo.
Anúncios na cabine telefônica. Coreto de interior (?) no centro de São Paulo.
O tempo não exatamente bem distribuído. Rota interrompida.
Bolsa do futuro. Ar des-condicionando-se nas gravuras que remontam a cidade, como quebra-cabeças que invertem a temperatura.
Arranha-céu. (e ontem falei sobre isso).
Planta de areia, cidade plantada na palma da mão.
Volta acelerada. Prioriza-se a regra ou a vontade?
Terra à Vista quer olhar mais uma vez.
Três minutos a mais. Estamos em São Paulo. De qualquer forma, seria muito improvável não atrasar.
10h45.
Desfocada explosão. Passa um instante. Queda que irrompe para o alto. Passos tensos perseguidos de prazer. Impulsividade quente, temperatura vermelha entre luzes noturnas. Olhares insistentes, sentidos, carne moldada por arrepios que contradizem e agem. Gritos em forma de sonhos em diferentes velocidades. Pancadas dos contrários que borbulham e revelam-se. Fenda de dentro das cabeças e bocas escancaradas, cristal espatifado, cura que beija flores em delírio. Estilhaços, vôo e feixes de tinta fosforescente desenham asas. Um homem se transforma em ave que se transforma em homem que se transforma em ave. Visão-travessia; dança escorrida.
para Paranóia.
segunda-feira, 28 de março de 2011
De dentro do vento os sonhos de fumaça criam formas materiais. Escolho aquilo que será real. Em cena alguns corpos amantes se encontram como pegadas revistas no tempo. Bate a bomba, rebato firme. Sustento, vai mais uma. Mais forte em cada, criando espaço. Abrir e fechar, correm energias múltiplas, separo em corredores opostos. Sorrio. Projeto um arranha-céu.
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
tenho vontade que o movimento me esvazie extasie me preencha
que seja dessa matéria primeiro, da construção circular da liberdade
que o som envolva, e só porque sim, porque faz disso um pouco mais,
que seja de violino e voz potente, de pulso forte que respondo por dentro, de melodia e desconcerto
movimento líquido que molhe olhos corpo roupa espaço
potente de ser mais, deslumbramentos.
terça-feira, 15 de março de 2011
...sobre o Japão e o restante de nós...
Entendo muito pouco de economia. Admito minha absoluta dificuldade para compreender de forma clara a subjetividade das bolsas de valores, ações, quedas, compras e vendas que me parecem virtuais - embora eu saiba que existe uma relação imediata de tudo isso com as necessidades e passos mais cotidianos do mundo inteiro. De qualquer forma, e talvez por essa incompreensão, nesse momento sinto um certo espanto quando vejo depoimentos e análises sobre o impacto da situação do Japão nesse quadro todo. Penso que de alguma forma o foco (se não o único, mas o maior, mais importante, absolutamente fundamental) devesse ser: como salvar a vida e a saúde dessa população que ainda está lá, em especial com relação à radioatividade nociva, letal, e que me assusta profundamente. Não basta a catástrofe a que estamos assistindo - no Japão, no Haiti, no Brasil etc etc etc..........? Mas às vezes penso que entramos em um beco (quase) sem saída, nos enrolamos tanto no (não) funcionamento econômico, burocrático, capitalista, utilitarista e insensível do mundo que não há como fugir desses valores nem mesmo diante das maiores tragédias.
Se não podemos conter a movimentação das placas que compõem o planeta, podemos - devemos, devemos, devemos - desativar de uma vez tudo o que represente risco ao planeta, em qualquer país ou continente. Além de todas as utilizações e experimentos nucleares (visivelmente não controlados pelo senhor-ser-humano-todo-poderoso), é angustiante demais ver o mundo se desfazendo em água (matéria da qual somos feitos e que é essencial para nossa existência), em fome, em desmatamento, em matança de animais, em lixo mal direcionado e mal aproveitado, em desequilíbrio avassalador. Em desamor profundo por tudo o que represente vida.
Há alguns dias pude assistir a um filme muito intenso sobre arte, sobre o artista, mesmo que em alguns aspectos eu o tenha visto sob um ponto de vista metafórico. Sua última frase: a arte é uma arma carregada de futuro. Sinto muito, mas sem querer "puxar sardinha", é mesmo. Mas não só a arte. Qualquer ação ou modo de vida que possa recuperar a sensibilidade, o olhar para o outro, o respeito, a intuição, os fluxos saudáveis entre animais racionais e irracionais, a compreensão de que quando tudo explodir, o bicho homem, de tanto direcionar sua inteligência superior para o acúmulo de tanta inutilidade, também será engolido por todas as forças naturais que são muito maiores que ele.
Sei que não tenho clareza nesses pensamentos e enquanto escrevo temo estar banalizando coisas nas quais acredito. Mas penso em crianças que estão muito próximas de mim, e nas que virão ainda mais próximas e para as quais quero direcionar o maior amor do mundo, e nessas horas tento aliviar as noites de sono conturbado diante de futuros que desejo tanto, e muito, que sejam carregados de felicidade.
quinta-feira, 3 de março de 2011
a urbanidade líquida do poeta faz tanto mais sentido quanto mais circulo pelas ruas desmontadas e cabeças desconexas, fazia mais frio do que nos dias anteriores e isso era ótimo, na verdade fazia quase mais calor do que em todos os dias anteriores, há energias circulando e derrubando árvores ocas sobre corpos cimentados e muitas mães espalhadas por todos os lugares, há pedidos e realizações, grandes e pequenas telas postas em dia, com expectativas em poucos dias e erupções coloridas.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
A imagem tem sido assim difusa, cheia de cor e sem rosto, um pouco disforme. Mas de repente aponta em mim aquilo que é próprio e indiscutível, envolto em dourado maternal, e me mostra nos fatos ter participação tão complexa quanto tranquila. Como fui parar lá e por onde ainda andará essa curiosidade? Preciso procurar palavras para aquilo que me rodeia, e gostaria de viver na geração distante que nomeará, talvez com precisão, essas forças reais, na concretude de sua imaterialidade.
A imagem tem sido assim difusa, cheia de cor e sem rosto, um pouco disforme. Mas de repente aponta em mim aquilo que é próprio e indiscutível, envolto em dourado maternal, e me mostra nos fatos ter participação tão complexa quanto tranquila. Como fui parar lá e por onde ainda andará essa curiosidade? Preciso procurar palavras para aquilo que me rodeia, e gostaria de viver na geração distante que nomeará, talvez com precisão, essas forças reais, na concretude de sua imaterialidade.
Oxum | Ed Ribeiro |
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Há meses atrás explodiu uma lâmpada por aqui, em muitos estilhaços. Agora fui eu que explodi, tantas lágrimas quantos aqueles cacos de vidro, ou infinitas mais, de felicidade e realização.
Não sei mais onde moram meus ceticismos. Não sei se mudaram de nome ou lugar. Talvez por isso não pudesse ter ido embora para tão longe daquela vez: estava aqui, onde precisava, nas horas exatas, até o último instante. A lâmpada, os sonhos, as lágrimas, lembranças, idéias, estrada, insônias, a insistência sem dúvidas. Vi desenhos precisos nos encaixes de tempo, nas frases ouvidas, nas perspectivas reais e na materialização cheia de calma como nos meus pedidos contínuos em palavras e pensamento, cada coisa em seu lugar. Foi desejo e obstinação à prova das individualidades: todo o encontro faz sentido agora, quando entendo que talvez devesse ser por caminhos meus antes mesmo de eu saber. Os fatos estão aí, esperava há anos por essa imagem e, daqui por diante, ela não se dissolverá mais. Agora será assim para sempre.
Se um dia encontrar alguns nomes, compreenderei por lugares de raciocínio. Enquanto isso, observo.
Hoje vivo uma desordem sem nome, felicidade bagunçada no caminho que bateu numa pedra e mudou ferozmente o curso; fosse antes era diferente, mas o tempo foi esse. Então, revirada por dentro até a última gota. Percebendo as próprias sensações sanguíneas a todo momento. Sangue desmedido às vezes, mas de humanidade total. Sem meio termo e sem palidez, quente que escorre transparente e lava por dentro e por fora o que procuro reconhecer.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
novo texto em: http://www.projetomovola.com/ / veja em Sala.Blog
Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui
Na véspera, em algum lugar da cidade é madrugada de descobrir música. Em outro, de finalizar figurino. Ou dormir. E o que acontece, afinal, quando se está de frente para o espetáculo pronto - ainda que o “pronto” seja sempre transitório...?
Muita gente na platéia, todos os dias. “Solo a dois” abrindo as noites, e o bom jogo entre duplos, imagens, reflexos, outros eus. Retomada de trabalho prazeroso e conciso. Reestréia também é começo, de qualquer maneira.
Em seguida o público atravessa o espaço e se acomoda novamente. Uma equipe, palco em branco, cubos e caixas, expectativas e estréia o “Chrom.Aqui”. Ao longo dos dias consecutivos da temporada, adrenalina, atenção, cansaço e realização alternam-se nos corpos, semblantes, movimentos, impressões. De um dia para o outro são pequenos detalhes acertados, mudanças sutis, revisão de algum tropeço ou imagem melhor encaixada. Entre as imagens geométricas nos figurinos e espaço cênico, as respirações carregam os corpos que desenham linhas de várias cores, impalpáveis, mas visíveis de algum modo. Tempo de abrir esse canal visível-invisível entre quem assiste e quem dança, num compartilhamento de gente para gente.
Foram 8 dias de início, o estudo está traçado, e há espaços para percorrer.
Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui
(...) esse canal visível-invisível entre quem assiste e quem dança.
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Na véspera, em algum lugar da cidade é madrugada de descobrir música. Em outro, de finalizar figurino. Ou dormir. E o que acontece, afinal, quando se está de frente para o espetáculo pronto - ainda que o “pronto” seja sempre transitório...?
Muita gente na platéia, todos os dias. “Solo a dois” abrindo as noites, e o bom jogo entre duplos, imagens, reflexos, outros eus. Retomada de trabalho prazeroso e conciso. Reestréia também é começo, de qualquer maneira.
Em seguida o público atravessa o espaço e se acomoda novamente. Uma equipe, palco em branco, cubos e caixas, expectativas e estréia o “Chrom.Aqui”. Ao longo dos dias consecutivos da temporada, adrenalina, atenção, cansaço e realização alternam-se nos corpos, semblantes, movimentos, impressões. De um dia para o outro são pequenos detalhes acertados, mudanças sutis, revisão de algum tropeço ou imagem melhor encaixada. Entre as imagens geométricas nos figurinos e espaço cênico, as respirações carregam os corpos que desenham linhas de várias cores, impalpáveis, mas visíveis de algum modo. Tempo de abrir esse canal visível-invisível entre quem assiste e quem dança, num compartilhamento de gente para gente.
Foram 8 dias de início, o estudo está traçado, e há espaços para percorrer.
07 de fevereiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Uma cidade lembrou-me a outra. Uma muito perto, a outra distante como para onde vão essas sensações, projetadas de algum lugar tão interno quanto intenso quanto meu quanto possível de atravessar. Tem como sentir assim? Insistência. Aquilo a que mal se conhece. Sem que eu saiba bem como ou porque - Ir. Tempo. Transição. As imagens me empurram.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
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Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui
Fragmentos de pessoas na matéria da água. Tempo milimétrico. Frames?
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A mesma movimentação de alguns dias atrás parece ter hoje outra ambientação. O que antes soava como violento transforma-se, agora, em reflexo, densidade e enfrentamento.
Pausa para respiro, mudanças, mudanças, e uma questão volta à tona entre a equipe em cena: até quando é o momento de mudar? O tom de voz baixo predomina no ambiente e retoma-se o ensaio. Meio termo: algumas coisas se mantêm, outras são alteradas.
Observando o trabalho depois de um tempo, linhas retas parecem não caber. A movimentação vem toda pontuada e contínua, mas tem rachaduras sempre elásticas. Aos olhos de quem vê, traz efeito de um corpo incômodo. Um não, três. As camadas de movimento são sutilmente retomadas ao longo do espetáculo, apontam passagens comuns aqui e ali, mas levam a cada vez para um lugar diferente. São cobertas de vez em quando por um verde quase total; chroma key em formatos geométricos variados, espalhados pelo chão, pelos corpos, pelos objetos, menos ao fundo, lugar de origem.
Projeção, nova justaposição. Compor a cena com o vídeo. Cria-se uma relação, aqui, menos de movimento e mais de impressões. As imagens dividem-se entre as paredes dos quadrados e retângulos espalhados pelo espaço; são fragmentos de pessoas na matéria da água. Da piscina para o palco, um tempo diferente do outro. Que conversa é essa? Tempo. Talvez seja esse o diálogo. Os olhos caminham para as imagens lado a lado: gravação + corpos ao vivo, muito suor. Água de um jeito ou de outro, descanso e vivacidade - presença.
Interpretações cautelosas e seguras, o tempo parece ser milimétrico. Frames? Nos duos e trios, o contato preciso deixa os intérpretes em risco. Não há espaço para que nada escape.
Ao fundo, em diagonal, uma nova iluminação amarelada torna as paredes um espaço infinito. Por ali alguém vai embora, como se para algum lugar invisível.
25 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
Sem perceber parei por muito tempo olhando o céu. Não é verdade mas poderia ser - faço isso de outra maneira, várias vezes, tentando acalmar minha incompreensão da nossa finitude, geração de impulso, motor de ser. O sentido de esgotar ou permanecer. Ventilar tem cor de vinho, sopro, e é de dentro pra fora.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
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Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui
O espaço parece sempre inacabado. São vigas e fiações em cor de estrutura quase crua, cinza rústico. Ambiente propício para chegar e preencher. Há um som contínuo que permeia os ensaios, toques sutis e gotas que escorrem permanentemente.
As camadas de movimento são o ponto de partida espontâneo. De dentro das estruturas coreográficas, abrem-se fissuras para continuações, repetições, excertos, sobreposições, no exercício de recomposição. Os intérpretes desviam as rotas iniciais e comandam a si mesmos em constantes pedidos de modificações.
De onde vêm os movimentos? Da vontade de se mover. Das imagens sequenciais criadas pelos corpos no momento mesmo da criação. Desenham-se nítidos e fora do eixo, elásticos suspensos no tempo. Pontuam precisos e se dissolvem.
Daqui por diante há elementos cênicos no espaço. Apagam-se as luzes externas e a área de projeção cria beleza instantaneamente. Papel querendo virar madeira; o peso da imagem e do movimento dialoga com a brancura do espaço em ocupação. Empilhar e diluir “como castelo de areia dissolvido no chão”, achatando alturas estruturais num palco onde se sobressaem corpos tingidos pelas cores quadriculadas da luz projetada, junto aos sólidos neutros espalhados em organização pseudo-aleatória.
Um solo que transitará para o grupo, que por sua vez remete ao solo; público que transita pelo ambiente duplo, e fundem-se as estações como se não houvesse começo nem fim. Existe um incômodo na movimentação, que por vezes quase toca num impulso de violência, ainda que não intencional. Impressão de corpos manipulados que não dominam a si mesmos. Sua realidade em cena cria sentidos - e interroga quais imagens e significados, na dança, são ou não previamente planejados. Fluxo contínuo mesmo que por caminhos incompletos, que dão meia volta e tocam, e quebram, e olham, e recomeçam. Pausa. Ficam suores e respirações. Há gente por trás da constância do tempo, há gente na matéria da cena, há gente o tempo todo.
Por dentro das trilhas e imagens percebem-se resquícios do processo, que fecunda a si mesmo quando registra as passagens dos tempos de trabalho e lança, no palco, esses materiais. São vozes em ação: coreógrafo, direção, intérpretes, comentários, lembrar, refazer, perguntar; mixar tudo isso a acordes e ruídos e dançar processo já resultado, resultado ainda em processo.
"Esquece as mudanças, faz o que era”. “Então não é contrapeso, é força mesmo”. “Não pode ter furo na meia”. “Ai, esqueci”. Cansaço - 5 minutos - Fazer - 5 minutos. A prática resolve a cena.
Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui
Fissuras nas camadas de movimento. Ficam suores e respirações.
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O espaço parece sempre inacabado. São vigas e fiações em cor de estrutura quase crua, cinza rústico. Ambiente propício para chegar e preencher. Há um som contínuo que permeia os ensaios, toques sutis e gotas que escorrem permanentemente.
As camadas de movimento são o ponto de partida espontâneo. De dentro das estruturas coreográficas, abrem-se fissuras para continuações, repetições, excertos, sobreposições, no exercício de recomposição. Os intérpretes desviam as rotas iniciais e comandam a si mesmos em constantes pedidos de modificações.
De onde vêm os movimentos? Da vontade de se mover. Das imagens sequenciais criadas pelos corpos no momento mesmo da criação. Desenham-se nítidos e fora do eixo, elásticos suspensos no tempo. Pontuam precisos e se dissolvem.
Daqui por diante há elementos cênicos no espaço. Apagam-se as luzes externas e a área de projeção cria beleza instantaneamente. Papel querendo virar madeira; o peso da imagem e do movimento dialoga com a brancura do espaço em ocupação. Empilhar e diluir “como castelo de areia dissolvido no chão”, achatando alturas estruturais num palco onde se sobressaem corpos tingidos pelas cores quadriculadas da luz projetada, junto aos sólidos neutros espalhados em organização pseudo-aleatória.
Um solo que transitará para o grupo, que por sua vez remete ao solo; público que transita pelo ambiente duplo, e fundem-se as estações como se não houvesse começo nem fim. Existe um incômodo na movimentação, que por vezes quase toca num impulso de violência, ainda que não intencional. Impressão de corpos manipulados que não dominam a si mesmos. Sua realidade em cena cria sentidos - e interroga quais imagens e significados, na dança, são ou não previamente planejados. Fluxo contínuo mesmo que por caminhos incompletos, que dão meia volta e tocam, e quebram, e olham, e recomeçam. Pausa. Ficam suores e respirações. Há gente por trás da constância do tempo, há gente na matéria da cena, há gente o tempo todo.
Por dentro das trilhas e imagens percebem-se resquícios do processo, que fecunda a si mesmo quando registra as passagens dos tempos de trabalho e lança, no palco, esses materiais. São vozes em ação: coreógrafo, direção, intérpretes, comentários, lembrar, refazer, perguntar; mixar tudo isso a acordes e ruídos e dançar processo já resultado, resultado ainda em processo.
"Esquece as mudanças, faz o que era”. “Então não é contrapeso, é força mesmo”. “Não pode ter furo na meia”. “Ai, esqueci”. Cansaço - 5 minutos - Fazer - 5 minutos. A prática resolve a cena.
20 de janeiro de 2011
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Torrente ou seca, e o desequilíbrio levando gente embora. A espécie que já chegou ao espaço age pela própria destruição, deixa morrer na leviandade das hierarquias, descasos e desejos humanos menos justificáveis. Quantas desculpas trazem de volta à vida as mortes desses anos todos, já há tempos passadas dos quatro dígitos?
Para mim, por dentro, quero impulsos de água corrente sem meio termo.
Para o planeta e todas as cabeças e corpos ditos racionais ou irracionais, equilíbrio de ações e forças que nos permita continuar a viver.
De leve com a ponta dos dedos, à distância, fios enredados da história. Cada passo de uma maneira, no ano de caminhar; avanço, escrevo, espero, vejo, sorrio, respiro e calculo espaços de tempo e suas variações. Perto longe daqui daí de lá; difundir/se por cima das águas extensas. Horas a fio, e são interrogações por dissolver e lugares em trilhas sonoras, frase por frase. Poesia e a origem das coisas, de todas elas, a origem tão desconhecida quanto reconhecível. Devaneios - reais.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Mirar Ansiar Tensionar. Criar imagens e expectativas, construir a cena e as palavras por ouvir. Voltar atrás, voltar adiante, confirmar e resolver que para caminhar... ir, mesmo sem saber direito por que. Relatos - ler; imagens - ver e percorrer mais uma vez. Insistir nas imagens, aqui. Insistir ali, perguntar, resolver e estão palpáveis. Reencontrar os olhos cheios de vivacidade e ganhar certezas.
Caminho extenso perguntas respostas dúvidas distância histórias paisagens calor caminho extenso.
Branco. Na segunda chegada alguma coisa é quase mais familiar, mas de tamanho, verde e bichos mais visíveis nesse horário. Tempo. Espera. Tempo. Tempo. Tempo. Os olhos pesam num meu corpo agitado por dentro e quase adormecido por fora. Conversas de quintal. Branco. Uma, duas, cinco crianças. Convívio de dia comum.
Dali em diante é passar a porta o coração disparado se perder no como começar que é um desconhecido a saber. É. Toque. Primeiro foram palavras precisas e eu ali, concordando com todas, ouvindo de quem não me perguntou nada além do nome e encontrou algo tão próprio de mim. O sal começa a arder o que não controlo. Confio. E o tempo se transforma nas palavras desenvolvidas e nos mesmos olhos de antes, apresentados ali. Toque. Movimentos, serão depois. E que as explosões aconteçam. Afirmação.
Energias nomeadas na existência da minha história e a razão quer visualizar. Espelho e flecha. Todas as perspectivas abertas. Alívios. Banho por vir. Magnetismo e realidades.
Talvez sejam as mesmas coisas com cores diferentes ou ilusões sarcásticas como esse planeta ou façam sentido sempre ou em parte ou nunca se saiba ou haja tempo para. As palavras são só uma parte da tradução. Ou as palavras são mais fortes do que as verdades dos sentidos. O que de fato for, está em algum lugar por aqui. Branco de todas as cores.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Há dias tento palavras sobre o que aconteceu. Me assustei. Reli muitas de antes, com lembrança de sorrisos em conversas antigas. Que rumo foi esse, tão desviado? Eu não entendo e não enxergo. Que bom ter cruzado com você daquele jeito incomum de conhecer. Triste, mas com muito carinho, que a despedida seja alívio, meu amigo. E força para que a sua existência reverbere sempre nas continuações daqui.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Menina pequena, criança doce, de sorriso iluminado, olhos redondos atentos o tempo todo e cachinhos deliciosos de fazer carinho. Procura os animais, chama cada um. Prefere menos barulho. Dança na sua dança divertida de giros e balanços musicais, dessas que assistiríamos por muito tempo. Fala, fala, fala, sabe tudo o que diz, mesmo que a gente ainda não saiba. Gosta de tomate cereja, rasgar papel, riscar a roupa, limpar as mesas. Observa o espelho. Caminha e corre de um jeito tão delicioso de ver. Estende a mão e vem passear junto. Tem aquele gesto nas mãos que é particularmente seu, de quem procura e não entende, e quer encontrar. Cheia de expressões. Quantas cores cria em mim, essa sua energia renovada. Bem-vinda, a cada dia, ao planeta das surpresas. O seu olhar acompanha todos os movimentos desse mundo por descobrir e eu te observo encantada e cheia de admiração.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
O último pôr-do-sol do ano passado. Suores beijos palavras trabalho horários pressa novidades desapegos equilíbrio avião oceano sotaques grupo que vai grupo que chega sustos despedida em suspensão festas aulas fumaça dedicatória um pouco de mar cheiros copa corpo doce desesperos danças filmes noites doença e seus remédios amor crianças prazer nascimentos música fotografias salgado sono carta força abraço livro energias cartões pimenta pedidos gritos disso e daquilo saudades surpresas fisioterapia flores perdas observações de dentro vinho movimento explosões de lâmpada e outras lágrimas textos amigos cerveja estréia investigação amor memórias procura projeções cores olhares estão desenhados nessas ondas espelhadas. Num céu que se repete pelo mundo, mais ou menos azul, cinza, rosa, vermelho, úmido, que estala o tempo todo, como quem diz: estou aqui. Estarei sempre aqui. Móvel. O seguinte começa com chuva constante pra lavar o que foi e amigos amores para não nos abandonarmos jamais. Prepara o próximo céu. E acho que será esse ano certeza-intuitiva-concreta-projeção. Florescimento.
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