terça-feira, 15 de março de 2011
...sobre o Japão e o restante de nós...
Entendo muito pouco de economia. Admito minha absoluta dificuldade para compreender de forma clara a subjetividade das bolsas de valores, ações, quedas, compras e vendas que me parecem virtuais - embora eu saiba que existe uma relação imediata de tudo isso com as necessidades e passos mais cotidianos do mundo inteiro. De qualquer forma, e talvez por essa incompreensão, nesse momento sinto um certo espanto quando vejo depoimentos e análises sobre o impacto da situação do Japão nesse quadro todo. Penso que de alguma forma o foco (se não o único, mas o maior, mais importante, absolutamente fundamental) devesse ser: como salvar a vida e a saúde dessa população que ainda está lá, em especial com relação à radioatividade nociva, letal, e que me assusta profundamente. Não basta a catástrofe a que estamos assistindo - no Japão, no Haiti, no Brasil etc etc etc..........? Mas às vezes penso que entramos em um beco (quase) sem saída, nos enrolamos tanto no (não) funcionamento econômico, burocrático, capitalista, utilitarista e insensível do mundo que não há como fugir desses valores nem mesmo diante das maiores tragédias.
Se não podemos conter a movimentação das placas que compõem o planeta, podemos - devemos, devemos, devemos - desativar de uma vez tudo o que represente risco ao planeta, em qualquer país ou continente. Além de todas as utilizações e experimentos nucleares (visivelmente não controlados pelo senhor-ser-humano-todo-poderoso), é angustiante demais ver o mundo se desfazendo em água (matéria da qual somos feitos e que é essencial para nossa existência), em fome, em desmatamento, em matança de animais, em lixo mal direcionado e mal aproveitado, em desequilíbrio avassalador. Em desamor profundo por tudo o que represente vida.
Há alguns dias pude assistir a um filme muito intenso sobre arte, sobre o artista, mesmo que em alguns aspectos eu o tenha visto sob um ponto de vista metafórico. Sua última frase: a arte é uma arma carregada de futuro. Sinto muito, mas sem querer "puxar sardinha", é mesmo. Mas não só a arte. Qualquer ação ou modo de vida que possa recuperar a sensibilidade, o olhar para o outro, o respeito, a intuição, os fluxos saudáveis entre animais racionais e irracionais, a compreensão de que quando tudo explodir, o bicho homem, de tanto direcionar sua inteligência superior para o acúmulo de tanta inutilidade, também será engolido por todas as forças naturais que são muito maiores que ele.
Sei que não tenho clareza nesses pensamentos e enquanto escrevo temo estar banalizando coisas nas quais acredito. Mas penso em crianças que estão muito próximas de mim, e nas que virão ainda mais próximas e para as quais quero direcionar o maior amor do mundo, e nessas horas tento aliviar as noites de sono conturbado diante de futuros que desejo tanto, e muito, que sejam carregados de felicidade.
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3 comentários:
sabe, Cris, por compartilhar dessas idéias já estou ordenando, na lista dos gastos do mês, plotagens em vinil adesivo de dizeres e imagens que façam alusão a isso, à vida. se por um lado somos impotentes perante às manipulações econômicas, somos NADA nesse mundão que pode nos varrer num breve suspiro. dureza! e mmo assim segue o joguinho de WAR nos tabuleiros da vida.
vamos em frente, acreditar é poder.
bj, Haroldo
Lindas, verdadeiras e, infelizmente, tristes palavras... difícil ter esperanças em relação a isso tudo, mas necessário. Não a esperança que apenas espera, mas a esperança que age. Trabalho de formiguinha...
Fodástico! Eu penso e-xa-ta-men-te a mesma coisa, Cris! Eu não sei pra quê esse tanto de inutilidades. Pegando um pouco de Clarice, o que o ser humano "deveria" se preocupar em ser é ser humano!
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