domingo, 30 de janeiro de 2011

            
meus impulsos me desequilibram e me salvam; não me armar antes dos efeitos é susto e queda num abismo que, no mínimo, vai dar em outro lugar; é caminho, de uma forma ou de outra; algumas inspirações de fumaça, deve haver um porquê de ser assim, e dou a mim vôo livre além do mar.
    

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

                 
Uma cidade lembrou-me a outra. Uma muito perto, a outra distante como para onde vão essas sensações, projetadas de algum lugar tão interno quanto intenso quanto meu quanto possível de atravessar. Tem como sentir assim? Insistência. Aquilo a que mal se conhece. Sem que eu saiba bem como ou porque - Ir. Tempo. Transição. As imagens me empurram.
   

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

        
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Projeto Mov'ola / estudos para CHrom.Aqui

Fragmentos de pessoas na matéria da água. Tempo milimétrico. Frames?
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Dois dias para a estréia, aniversário da cidade de São Paulo. Ensaio com aspecto de finalização, busca de soluções. Construir transições entre as partes, e tudo é cena.
A mesma movimentação de alguns dias atrás parece ter hoje outra ambientação. O que antes soava como violento transforma-se, agora, em reflexo, densidade e enfrentamento.
Pausa para respiro, mudanças, mudanças, e uma questão volta à tona entre a equipe em cena: até quando é o momento de mudar? O tom de voz baixo predomina no ambiente e retoma-se o ensaio. Meio termo: algumas coisas se mantêm, outras são alteradas.
Observando o trabalho depois de um tempo, linhas retas parecem não caber. A movimentação vem toda pontuada e contínua, mas tem rachaduras sempre elásticas. Aos olhos de quem vê, traz efeito de um corpo incômodo. Um não, três. As camadas de movimento são sutilmente retomadas ao longo do espetáculo, apontam passagens comuns aqui e ali, mas levam a cada vez para um lugar diferente. São cobertas de vez em quando por um verde quase total; chroma key em formatos geométricos variados, espalhados pelo chão, pelos corpos, pelos objetos, menos ao fundo, lugar de origem.
Projeção, nova justaposição. Compor a cena com o vídeo. Cria-se uma relação, aqui, menos de movimento e mais de impressões. As imagens dividem-se entre as paredes dos quadrados e retângulos espalhados pelo espaço; são fragmentos de pessoas na matéria da água. Da piscina para o palco, um tempo diferente do outro. Que conversa é essa? Tempo. Talvez seja esse o diálogo. Os olhos caminham para as imagens lado a lado: gravação + corpos ao vivo, muito suor. Água de um jeito ou de outro, descanso e vivacidade - presença.
Interpretações cautelosas e seguras, o tempo parece ser milimétrico. Frames? Nos duos e trios, o contato preciso deixa os intérpretes em risco. Não há espaço para que nada escape.
Ao fundo, em diagonal, uma nova iluminação amarelada torna as paredes um espaço infinito. Por ali alguém vai embora, como se para algum lugar invisível.
25 de janeiro de 2011
                            

sábado, 22 de janeiro de 2011

  
Sem perceber parei por muito tempo olhando o céu. Não é verdade mas poderia ser - faço isso de outra maneira, várias vezes, tentando acalmar minha incompreensão da nossa finitude, geração de impulso, motor de ser. O sentido de esgotar ou permanecer. Ventilar tem cor de vinho, sopro, e é de dentro pra fora.
                         

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

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Fissuras nas camadas de movimento. Ficam suores e respirações.
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O espaço parece sempre inacabado. São vigas e fiações em cor de estrutura quase crua, cinza rústico. Ambiente propício para chegar e preencher. Há um som contínuo que permeia os ensaios, toques sutis e gotas que escorrem permanentemente.
As camadas de movimento são o ponto de partida espontâneo. De dentro das estruturas coreográficas, abrem-se fissuras para continuações, repetições, excertos, sobreposições, no exercício de recomposição. Os intérpretes desviam as rotas iniciais e comandam a si mesmos em constantes pedidos de modificações.
De onde vêm os movimentos? Da vontade de se mover. Das imagens sequenciais criadas pelos corpos no momento mesmo da criação. Desenham-se nítidos e fora do eixo, elásticos suspensos no tempo. Pontuam precisos e se dissolvem.
Daqui por diante há elementos cênicos no espaço. Apagam-se as luzes externas e a área de projeção cria beleza instantaneamente. Papel querendo virar madeira; o peso da imagem e do movimento dialoga com a brancura do espaço em ocupação. Empilhar e diluir “como castelo de areia dissolvido no chão”, achatando alturas estruturais num palco onde se sobressaem corpos tingidos pelas cores quadriculadas da luz projetada, junto aos sólidos neutros espalhados em organização pseudo-aleatória.
Um solo que transitará para o grupo, que por sua vez remete ao solo; público que transita pelo ambiente duplo, e fundem-se as estações como se não houvesse começo nem fim. Existe um incômodo na movimentação, que por vezes quase toca num impulso de violência, ainda que não intencional. Impressão de corpos manipulados que não dominam a si mesmos. Sua realidade em cena cria sentidos - e interroga quais imagens e significados, na dança, são ou não previamente planejados. Fluxo contínuo mesmo que por caminhos incompletos, que dão meia volta e tocam, e quebram, e olham, e recomeçam. Pausa. Ficam suores e respirações. Há gente por trás da constância do tempo, há gente na matéria da cena, há gente o tempo todo.
Por dentro das trilhas e imagens percebem-se resquícios do processo, que fecunda a si mesmo quando registra as passagens dos tempos de trabalho e lança, no palco, esses materiais. São vozes em ação: coreógrafo, direção, intérpretes, comentários, lembrar, refazer, perguntar; mixar tudo isso a acordes e ruídos e dançar processo já resultado, resultado ainda em processo.
"Esquece as mudanças, faz o que era”. “Então não é contrapeso, é força mesmo”. “Não pode ter furo na meia”. “Ai, esqueci”. Cansaço - 5 minutos - Fazer - 5 minutos. A prática resolve a cena.
20 de janeiro de 2011
    

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

       
Torrente ou seca, e o desequilíbrio levando gente embora. A espécie que já chegou ao espaço age pela própria destruição, deixa morrer na leviandade das hierarquias, descasos e desejos humanos menos justificáveis. Quantas desculpas trazem de volta à vida as mortes desses anos todos, já há tempos passadas dos quatro dígitos?
Para mim, por dentro, quero impulsos de água corrente sem meio termo.
Para o planeta e todas as cabeças e corpos ditos racionais ou irracionais, equilíbrio de ações e forças que nos permita continuar a viver.
                   
          
De leve com a ponta dos dedos, à distância, fios enredados da história. Cada passo de uma maneira, no ano de caminhar; avanço, escrevo, espero, vejo, sorrio, respiro e calculo espaços de tempo e suas variações. Perto longe daqui daí de lá; difundir/se por cima das águas extensas. Horas a fio, e são interrogações por dissolver e lugares em trilhas sonoras, frase por frase. Poesia e a origem das coisas, de todas elas, a origem tão desconhecida quanto reconhecível. Devaneios - reais.
  

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

        
Mirar Ansiar Tensionar. Criar imagens e expectativas, construir a cena e as palavras por ouvir. Voltar atrás, voltar adiante, confirmar e resolver que para caminhar... ir, mesmo sem saber direito por que. Relatos - ler;  imagens - ver e percorrer mais uma vez. Insistir nas imagens, aqui. Insistir ali, perguntar, resolver e estão palpáveis. Reencontrar os olhos cheios de vivacidade e ganhar certezas.
Caminho extenso perguntas respostas dúvidas distância histórias paisagens calor caminho extenso.
Branco. Na segunda chegada alguma coisa é quase mais familiar, mas de tamanho, verde e bichos mais visíveis nesse horário. Tempo. Espera. Tempo. Tempo. Tempo. Os olhos pesam num meu corpo agitado por dentro e quase adormecido por fora. Conversas de quintal. Branco. Uma, duas, cinco crianças. Convívio de dia comum.
Dali em diante é passar a porta o coração disparado se perder no como começar que é um desconhecido a saber. É. Toque. Primeiro foram palavras precisas e eu ali, concordando com todas, ouvindo de quem não me perguntou nada além do nome e encontrou algo tão próprio de mim. O sal começa a arder o que não controlo. Confio. E o tempo se transforma nas palavras desenvolvidas e nos mesmos olhos de antes, apresentados ali. Toque. Movimentos, serão depois. E que as explosões aconteçam. Afirmação.
Energias nomeadas na existência da minha história e a razão quer visualizar. Espelho e flecha. Todas as perspectivas abertas. Alívios. Banho por vir. Magnetismo e realidades.
Talvez sejam as mesmas coisas com cores diferentes ou ilusões sarcásticas como esse planeta ou façam sentido sempre ou em parte ou nunca se saiba ou haja tempo para. As palavras são só uma parte da tradução. Ou as palavras são mais fortes do que as verdades dos sentidos. O que de fato for, está em algum lugar por aqui. Branco de todas as cores.

                   

sábado, 8 de janeiro de 2011

      
Há dias tento palavras sobre o que aconteceu. Me assustei. Reli muitas de antes, com lembrança de sorrisos em conversas antigas. Que rumo foi esse, tão desviado? Eu não entendo e não enxergo. Que bom ter cruzado com você daquele jeito incomum de conhecer. Triste, mas com muito carinho, que a despedida seja alívio, meu amigo. E força para que a sua existência reverbere sempre nas continuações daqui.

     

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

   
Menina pequena, criança doce, de sorriso iluminado, olhos redondos atentos o tempo todo e cachinhos deliciosos de fazer carinho. Procura os animais, chama cada um. Prefere menos barulho. Dança na sua dança divertida de giros e balanços musicais, dessas que assistiríamos por muito tempo. Fala, fala, fala, sabe tudo o que diz, mesmo que a gente ainda não saiba. Gosta de tomate cereja, rasgar papel, riscar a roupa, limpar as mesas. Observa o espelho. Caminha e corre de um jeito tão delicioso de ver. Estende a mão e vem passear junto. Tem aquele gesto nas mãos que é particularmente seu, de quem procura e não entende, e quer encontrar. Cheia de expressões. Quantas cores cria em mim, essa sua energia renovada. Bem-vinda, a cada dia, ao planeta das surpresas. O seu olhar acompanha todos os movimentos desse mundo por descobrir e eu te observo encantada e cheia de admiração.
               

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

   
ao vivo em tempo real roteiro litoral américa latina e eu interrogo.
   

domingo, 2 de janeiro de 2011

                         
O último pôr-do-sol do ano passado. Suores beijos palavras trabalho horários pressa novidades desapegos equilíbrio avião oceano sotaques grupo que vai grupo que chega sustos despedida em suspensão festas aulas fumaça dedicatória um pouco de mar cheiros copa corpo doce desesperos danças filmes noites doença e seus remédios amor crianças prazer nascimentos música fotografias salgado sono carta força abraço livro energias cartões pimenta pedidos gritos disso e daquilo saudades surpresas fisioterapia flores perdas observações de dentro vinho movimento explosões de lâmpada e outras lágrimas textos amigos cerveja estréia investigação amor memórias procura projeções cores olhares estão desenhados nessas ondas espelhadas. Num céu que se repete pelo mundo, mais ou menos azul, cinza, rosa, vermelho, úmido, que estala o tempo todo, como quem diz: estou aqui. Estarei sempre aqui. Móvel. O seguinte começa com chuva constante pra lavar o que foi e amigos amores para não nos abandonarmos jamais. Prepara o próximo céu. E acho que será esse ano certeza-intuitiva-concreta-projeção. Florescimento.