sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Daí que o tempo, que eu pensava que sabia, pensava que cabia, pensava que éramos, ele e eu, simétricos, me diz que é impressão. Impressa nele, eu, fundida, parte no todo, sutil, quase invisível, quase fenda. E ele-tempo atrás e diante, adiante, já, gigante, ele-tempo rima própria de boca enorme e fluxo-ímpeto. Mas, ainda que fresta, eu imprescindível: daquilo que percebo é feito ele, ao mesmo tempo largo e dilatado e urgente em mim. Ele e eu da importância de tudo o que não cabe. Ele não sabe, mas o tempo também não cabe em si.
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

dos múltiplos, simultâneos, do que passa tão depressa que já correram dois anos em mês e meio, do que é coisa lenta pras aberturas fecharem, que diz alguma coisa até quando não se ouve ou que não diz nada só é, em que água custa caro quando tem, em que se decide sobre o corpo alheio, sobre o amor alheio, que absolve assassino de elite, em que aborto não é opção, comer não é opção, morar ler dançar cantar querer não são opção, em que cirurgião corta, não cuida, em que diagnóstico não identificado não interessa, que fala, que cala, consente, rebate, que quer seguir ao contrário pra estender pra entender, que abandona, surpreende, escancara, equilibra, que cria encontros, que faz caminhos, ciclos, tontos, tortos, lindos, diálogos, discursos, suores, agulhas, compressas, tremores, ares, que põe à prova todas as provas, que ri, que faz sentido, que mexe no corpo, que empurra pra ação, que dá vontade de ouvir, de ver, dá curiosidade, que amedronta, que faz querer muito, e muito, e muito, e muito, que brota que gera que cria, que cicatriza e(é) marca, em que tem tanta, tanta beleza e tanto contrário.
 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Chove muito, o som da janela avisa que meu time faz gol, o Alckmin me dá asco, as madrugadas são longas, escrever às vezes dói - inclusive literalmente.
 
que passem ventos pelas portas abertas.