“Eu escrevi este texto inspirada no espetáculo que não consegui ir assistir. Eles foram me contando, eu fui
imaginando e escrevendo.” (Mazé)
E o que é coreografia? “Arte de criar movimentos.” (Henrique)
Pequeno caos
fragmentado. São retalhos do que há de ser estruturado. Ossos dos esqueletos por
construir. Talvez eles tenham três braços, duas cabeças, uma costela, cinco
pernas. Talvez sejam apenas um cotovelo. Quem sabe a escápula criando asas por
baixo dos pés.
O percurso-cidade
é um tanto familiar. Assim como o portão, as cores, escadas, imagens. Mas o ângulo é diferente. Todo espaço se
reconstrói a partir das ações. São papéis, são funções, e neste lugar, dessa
forma, é a primeira vez.
Tempo de
reconhecimento. Artistorientar essas vontades ainda não definidas. Em
princípio, estarmos, para fazer. Corpo se re-materializando , cativar daqui pra
lá e de lá pra cá.
Ronda nossos encontros a subjetividade em processo de compreensão. O que é isto,
afinal?
Rondam as
possibilidades do corpo. Os sentidos destas possibilidades. Os sentidos das
sensações e os sentidos da racionalidade. Como se encontram? Como escapar da
linguagem repetição de nós mesmos? E como não temê-la, também?
Permanecem
as interrogações: técnica + criação + idades + vontades + escutar + escutar + escutar
+ escolher por onde ir. Divertir-se é um dos tons.
Passar do
movimento para o sentido. O que me lembra? O que sinto? O que parece? Como
nomeio?
Isso que nós fizemos te deixou com tontura?
E se você tentasse causar essa mesma sensação em quem assiste, então?
“Eu entendo o que pode ser essa idéia, mas
não sei como fazer para isso.” (Suane)
O como fazer
é que é o lance. A gente experimenta. E o máximo que vai acontecer é encontrar ou não
encontrar imediatamente.
Ação em
equipe. Territórios para colheita de ossos misturados no tempo, no espaço,
vindos de pontos diferentes dessa cidade nada desértica. Jogo de misturar todo
mundo num caldeirão em movimento, recolher o que é essência, e recriar num
universo sensível. E a partir daí? O que queremos em torno dos grandes
encontros-ações? E como aprofundar no corpo?
Tento armar
as primeiras articulações. Um tanto de poesia, fios de diversão, olhares de
percepção. Disponibilidade para a troca e o encontro. Ainda é uma conquista.
Ainda se delineiam as silhuetas, já visivelmente diferentes entre cada
contexto. As manhãs têm a energia do riso fresco. As noites tem a sintonia
quase surpreendente do tempo um pouco mais maturado.
(1o Ensaio de Pesquisa-Ação, Vocacional Dança 2012)