sábado, 31 de março de 2012

    
De dentro do meu umbigo saiu mais uma eu, escorregou diante de mim e circulou como quem já sabia viver.  Olhamos para este ser espelhado que éramos, sabendo da irrealidade desse encontro. A outra eu multiplica-se sempre, ignora a minha existência e mal sabe que é construída por aparentes desimportâncias.
  

domingo, 25 de março de 2012

 
n'algum espaço
Saudade é bicho sem razão. Escapa em pontadas líquidas, fluxo sem hora marcada. Em silêncio tão profundo que grita até estourar os vidros dos quartos, dos carros, da cidade. Embaça o olhar pela força do ar que tem, e é. Paradoxo sanguíneo, essa tua (ir)real presença ausente, que chega de surpresa e engole o tempo que há.
     

quarta-feira, 14 de março de 2012


estalo
Esvazia, vaza pelos buracos, escorre pele poro pelo, pinga pelas alturas, derrete parte-matéria, parte-lembrança, pedaço-história; despenca pelo ar essa ramificação de alguéns, semente broto caule folha filha filho; gera arremate, desfaz razões, ralenta cores; cria tempo verbal inconsciente, ausente ou ?, permanente ou ?, irreversível ou ?; atravessa pela fração incalculável do instante e vai para ser adubo do tempo.
  
       
Por fazer desaguar de novo entre trêmula reação; por encher meus olhos de explosão e receio profundos. Pela urgência, pelo espaço-tempo sem espera sim desejo; no fio fino do que não sei ler, entrego-me equilibrista em primeira e segunda pessoas, por e para ser.
   

domingo, 11 de março de 2012

   
Em torno do que é difícil. Procurando encanto no movimento, e do lado de dentro, e do lado de fora; atitude e inspiração e prazer e verdade. Assim lua inteira, cheia, gritando de cima, casa dela-minha, impulso de música muda suspensa em arco luz. Sonho refletido em energia viva, muita, trocando o ar, respirando asas. Não sem receio. Não sem desvios. Não sem saber. Asas.