sexta-feira, 30 de julho de 2010

São 7 anos. Feliz aniversário!! :)



                                                

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Quietude. A primeira impressão é a cidade de brinquedo. Mentira de verdade. Mais cinema.
Vertigem. Vertigem. Vertigem.
História transbordando de dentro do personagem real, filho, neto, pai, homem, os olhos azuis, a fala contínua, segura, emocionada, ele inteiro incorporado às ruas, às paredes, pisos, tijolos, incorporado às gentes. Ele firme. Condutor.
No espaço singular, um baque de céu recortado entre estruturas. Pedaços de parede pingando de cima, escorrendo dos tetos já desabados. Ancorados no quase nada, prestes a cair.
Invasão invertida, verde no cimento. Chão de marrom molhado. Musgo e troncos se impõem sobre as vozes antigas que habitaram ali há quase cem anos, onde deixar perder é ganhar, ou onde deixar perder é perder-se. Do lado de lá, as janelas suspensas cospem o excesso que vem plantado da terra e do cimento.
Dos pés das escadas para cima, corredores que não existem mais. Hoje desembocam em abismos provocantes. Vertigem. Olho para cima e o azul é tão limpo que amplia o infinito. Fecho os olhos. A vertigem acalma. Abro os olhos. O corpo todo, mesmo seguro, é inteiro vertigem.
Nesse corpo são balanços. Corpo pendurado. Fisgadas de medo. Pisar chão incerto, estreito. Equilíbrio para a queda pavorosa e tentadora. Ouvir o passado no chão. Meu corpo pedaço da pedra.
   


sexta-feira, 9 de julho de 2010

             
Algum vento, quase nada. Tropeços num corredor falsamente estreito, de próximas paredes imaginárias, enquanto a luz que vem de cima é de espaço infinito. Corredor revelado mais tarde tão diferente que não era o mesmo lugar. Rangido musicando forte, roubando outro qualquer. Rangido de novo, intermitente. Numa projeção imaginária, cinematográfica, em torno dele são estruturas abandonadas, sem preenchimento, vazadas de gente, vazadas de paredes, vazadas de matéria viva. O rangido denuncia as presenças. Sem ninguém, talvez deixe de existir. Pausa. Aos poucos quem está próximo começa a se diluir. Desaparece, mas fica a respiração. Estou sozinha ao lado da respiração de alguém. Rangido de novo. Queria mais vento e menos muros. Abrem-se os olhos. Uma imensidão quase sem cor, espaço preenchido por tanto desconhecido. Quais universos existem em cada janela? E são milhares, milhões, ou mais. Quadrados disformes, retalhos, rachaduras. Histórias escondidas nas esquinas invisíveis, nas multidões subterrâneas. Carros se movem em uníssono, mais lentos se vistos de cima. A visão do todo modifica a da proximidade. A cidade não termina nunca. Ao mesmo tempo, vista assim, quase cabe nos olhos. Quase cabe num quadro. Constrói-se em degraus. Sua dimensão é que não cabe no entendimento. Não tem ordem nem sentido, vem profusa e condensada. Parece conter uma beleza ressecada.

"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo. Febre de meus adentros: as cidades e as gentes, soltas da memória, navegam para mim: terra onde nasci, filhos que fiz, homens e mulheres que me aumentaram a alma." (Eduardo Galeano)
                

sábado, 3 de julho de 2010

   
Tateio as novidades, justo quando se estabelece a certeza de precisar arcar com minhas escolhas mais fundamentais. Do outro lado da rua (outro?), de repente percebo que a obra não é, ou não foi, a questão. Ou pelo menos não foi toda ela. As posturas, essas sim. Difíceis de diagnosticar e solucionar de fato, ou ao menos modificar para outras crises, para que sejam outros os assuntos a tratar. Não se pode ter só parte de um universo escolhido, mas há metades que não deveriam mais ser. O trabalho contínuo é também um casamento? É preciso reinventá-lo. Mas precisava de estímulos além de mim, não consegui encontrá-los por dentro. Hoje olhei de fora aquele produto criado com vontade, expectativa e prazer. Foi mais uma vez o "sair da ilha" do escritor que me diz tudo tão bem. Estive repleta de um distanciamento presente, cheio de reações de movimento, arrepios, um arranhão passeando por mim, sensações camufladas no contexto, o corpo pedindo ação. Por dentro, explodi. Ninguém viu. Explodi muda, só eu.