Às vezes partes de mim se hospedam no lugar do frio.
É quando o tempo existe diferente.
O tempo é só um dos modos de ver.
Escondido. Antigo. Passeava pelos corredores do interior como as lembranças. Tinha os mesmos olhos, mas outros tons no verbo de olhar. Tinha as mesmas vozes, as mais de umas e outras, mas outras poucas palavras. Pertencia ao universo eterno das sensações perenes: aos pleonasmos. Sustos esperados. Listas paralelas em direção a imagem alguma. Rampa abaixo e o tempo se dissolveu.
o que há por dentro grita e esgarça ~ range sorri ironiza ~ é de sangue e suave cor ~ não tem matéria ~ implode-nos em sensação e imagens ~ existe como o tempo ~ presente, passado e desconhecidos, todos ~ mergulha-nos em torno de todas as mesmas diferenças ~ ária.
Há o salto. Parece estar na nova vida.
(por um filme, sua beleza terrível e quase insuportável dor)
sempre, nunca sabe por onde caminhar, ou pensa que. todas as certezas pelos menores espaços de tempo. muda em instante imediato e desaba nos vãos sem fim, circulares, fundos, invisíveis e sensíveis a qualquer toque. receia espaços escondidos, mas receia ainda mais que não existam. e se...? experimenta, não conclui. recupera o que dizia o corpo de um pouco atrás. ouve pequenas mordidas de lembranças mútuas. pulsa tintas. e tintos. dedica-lhe o tempo do pensamento e da lembrança, de perto querer longe, de longe querer perto, de sonho palpável e projeção. escreve diários internos que relê transparente. representa sorriso esganiçado no espaço dedicado a isso, e não diz o quanto a mentira composta traz de si com atropelo. quando pensa que a implosão fará dela farelos de expectativas, expulsa-se, para que retorne.
Espaço rasgado, esgarçado, por nada Buraco que não sara Respiro apertado, tanto espaço vazio pra tão pouco espaço Fundição Implosão Des-entendimento-próprio Sorrisos tortos Abraços necessários Nada que se compreenda Tudo que se confunda Que te confunda Que sempre confunda E os nomes que preferimos não escutar Que seja preciso estar perto Sem saber de coisa alguma.
É que ali ele era metade, e só. Antes dizia que não, como se a entrega que gostava de citar estivesse presente nos olhos dos dois. E apesar da véspera, e da véspera dos outros dias, e das surpresas e conquistas, resolveu ser metade. O restante entregou para preparar a lista das novas possibilidades. Julgou-a parede sem humanidade e sem presença? As circunstâncias fariam dela alguém invisível e ausente? Ela sentindo-se pequena como há muito não era. Não pelas regras, sim pelo patético inexplicável de tudo. Como, normal? Ela jogou a resposta para falas repetidas, procurou amansar a mágoa, a estranheza. As palavras procuram criar o espaço que falta na garganta fechada.